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sexta-feira, 10 de outubro de 2025

“A Cidade que Reflete o Povo

Hoje trago uma reflexão que reúne comentário, crítica, sugestão e análise sobre a forma como nossa cidade vem sendo administrada ao longo dos anos. É uma tentativa simples de manifestar aquilo que muitos cidadãos percebem, mas poucos expressam com clareza: a sensação de que os mandatos passam, mas os problemas permanecem.

Há muito tempo nossa cidade elege prefeitos e mais prefeitos — cada um com sua aparência, seu caráter, seus desejos e suas ambições. Alguns chegam com vontade de trabalhar, deixam obras e resultados que melhoram a vida das pessoas. Conheci alguns assim, que realmente mostraram serviço. No entanto, há também os que nada fazem de útil: assumem o cargo apenas para garantir um bom salário, desfrutar do poder e, muitas vezes, destruir o que outros fizeram antes. Há ainda os que vencem a eleição, festejam e somem, esquecendo completamente dos bairros que prometeram visitar. Durante a campanha, correm de casa em casa atrás de voto; depois de eleitos, desaparecem.

Prometem planos e projetos para tudo — saúde, educação, infraestrutura, lazer — mas, uma vez no poder, os planos ficam à deriva. São tantos cargos de confiança distribuídos por favores políticos que, ao final, muitos gestores nem sabem para que servem. É o velho jogo do poder: garantir influência e aliados, em vez de garantir resultados. Em muitos casos, fazem acordos políticos tão amplos quanto o inferno, que depois não conseguem cumprir. O povo, por sua vez, precisa parar de agir como mero espectador. Deve compreender, de forma legal e consciente, que se um prefeito não cumpre sua função de melhorar a vida do cidadão, não deve continuar. O voto precisa deixar de ser um cheque em branco.

Há quem diga que o problema está nos partidos. Seria o partido o culpado pela má administração? A resposta é não. No Brasil, segundo entendimento predominante da Justiça Eleitoral, o mandato dos cargos majoritários — como prefeitos, vice-prefeitos, governadores, presidentes e senadores — é pessoal, ou seja, pertence ao eleito, e não ao partido. Isso significa que o prefeito pode trocar de partido a qualquer momento, inclusive logo após vencer a eleição, sem perder o mandato. Já a regra da fidelidade partidária, que pode levar à perda do cargo, vale apenas para cargos proporcionais — como vereadores e deputados — porque, nesses casos, a vaga pertence ao partido, e não ao indivíduo. Assim, o povo precisa compreender que o prefeito é “dono” do próprio mandato. Ele usa o partido como plataforma para se eleger, e depois, muitas vezes, o abandona. Portanto, a culpa não está necessariamente nos partidos, mas nas pessoas que os representam e nas escolhas que o eleitor faz.

Voltando à nossa cidade, é inegável que alguns prefeitos deixaram marcas positivas: obras públicas, limpeza urbana, reformas, ou pequenas melhorias que trouxeram dignidade a certas áreas. Porém, outros nada fizeram — ou pior, causaram retrocessos. Um exemplo é a destruição das árvores das ruas e praças. Em vez de preservar ou replantar, preferiram cortar e queimar em olarias, ignorando completamente a importância ambiental dessas árvores. Se ao menos tivessem o cuidado de analisar o estado das árvores, poderiam substituir as doentes e manter o equilíbrio ecológico. Mas não: o que prevaleceu foi o descuido e o improviso. A cidade perde beleza, sombra e qualidade do ar — e o povo perde o direito a um ambiente saudável.

Essas atitudes refletem uma forma de governar baseada na pressa e na falta de planejamento. Muitos projetos são iniciados sem estudo técnico, sem análise de impacto, sem considerar o custo-benefício. Destrói-se algo antes mesmo de pensar no que será colocado no lugar. Resultado: desperdício de dinheiro público e obras que não resolvem o problema nem no presente, nem no futuro. O correto seria realizar diagnósticos sérios, consultas públicas e análises ambientais e urbanísticas antes de mexer no que existe. Assim se evita o desperdício e se constrói com responsabilidade.

Cabe ao cidadão compreender que a responsabilidade de mudar essa realidade é coletiva. É dever do povo acompanhar de perto as ações da administração pública, fiscalizar gastos e exigir transparência. Cada cidadão pode e deve observar o que acontece em seu bairro, cobrar explicações, participar de audiências públicas, acompanhar portais da transparência e denunciar irregularidades quando necessário. O poder público só funciona plenamente quando o povo deixa de ser passivo e se torna vigilante.

A Justiça Eleitoral, em várias decisões, reforça que a infidelidade partidária não afeta o mandato de cargos majoritários, justamente porque o voto é dado à pessoa e não ao partido. No entanto, essa autonomia traz uma responsabilidade maior: o prefeito que se elege com o apoio de uma sigla, de uma bandeira e de um discurso, deve honrar a confiança depositada pelo povo — e não a usar apenas como degrau para benefícios pessoais. É essa falta de compromisso ético que corrói a política municipal.

Infelizmente, ainda vemos atitudes administrativas pautadas pela vaidade, pela pressa e pela troca de favores. E o mais grave: destrói-se o que foi feito antes apenas para “mostrar serviço” e serviço ruim. Sem um estudo profundo, sem um planejamento sério, sem visão de longo prazo, as gestões passam, os erros se repetem, e o progresso se atrasa. Um livro de mil páginas seria pouco para relatar tudo que já foi feito errado em nome da vaidade política.

Por tudo isso, o cidadão precisa aprender a votar com consciência e acompanhar quem elege. Fiscalizar é um ato de amor à cidade. O poder pertence ao povo, e não aos políticos. E enquanto o povo não compreender isso, continuará sendo usado como escada para os interesses de quem só pensa em si mesmo. É preciso romper esse ciclo — exigindo seriedade, planejamento e respeito por aquilo que é público. Afinal, governar é servir, não se servir.

Um exemplo aparentemente simples, mas que revela um erro grave e absurdo, foi o entupimento de córregos com tubos de latão. Essa solução, além de tecnicamente equivocada, mostrou-se totalmente ineficiente com o passar do tempo. O latão, por ser um metal sujeito à corrosão, apodrece tanto por cima quanto por baixo, causando infiltrações e desmoronamentos. O resultado é previsível: com o tempo, o solo cede, o leito do córrego se deforma e os alagamentos aumentam. A solução correta seria reabrir os córregos, devolvendo-lhes o curso natural, como era no passado. As chuvas — cada vez mais intensas e imprevisíveis — precisam de espaço para escoar. Canalizar com materiais frágeis e de baixa durabilidade é apenas adiar um problema que cresce a cada ano. Em vez de “tampar a ferida”, seria melhor permitir que a natureza trabalhasse como sempre fez, com canais abertos, vegetação nas margens e drenagem adequada.

Outro equívoco recorrente é a falta de planejamento no trânsito urbano. A cidade continua com as mesmas ruas estreitas e mal dimensionadas desde sua criação, mas o número de veículos multiplicou-se. O resultado é um trânsito caótico. Não existe milagre para resolver isso, apenas organização e disciplina. Uma das saídas mais práticas seria implantar mão única em ruas de maior movimento, controlar rigorosamente a velocidade e reforçar a sinalização com faixas, placas, semáforos e lombadas. Além disso, o uso de placas de “PARE” e outra em praticamente todas as esquinas aumentaria a segurança e reduziria acidentes. Quem não quiser respeitar regras e limites de velocidade, que deixe seu automóvel na garagem. O trânsito melhora com responsabilidade coletiva, e não com a ilusão de que basta “abrir mais ruas” ou “construir mais estacionamentos”. O problema é cultural: todos querem ter seu carro e circular ao mesmo tempo, sem pensar nas consequências.

Mais grave ainda é a obsessão pelo “progresso” a qualquer custo, que leva muitos gestores a destruir o que tem valor histórico, cultural e ambiental. É um erro inaceitável demolir estruturas centenárias — como praças, jardins ou casarões,— para dar lugar a vagas de estacionamento. Isso não é progresso, é retrocesso disfarçado de modernização. Antes de destruir, é preciso analisar profundamente o impacto da intervenção e buscar alternativas inteligentes para resolver o problema sem apagar a história da cidade.

Em grande parte, o caos urbano não é causado pelos visitantes ou turistas, mas pelos próprios moradores — especialmente profissionais como comerciantes, médicos, advogados e funcionários de escritórios — que chegam pela manhã, estacionam seus carros e os deixam ali o dia inteiro. Muitos desses trabalhadores moram a menos de 200 metros do local de trabalho, mas insistem em ir de carro, ocupando vagas que poderiam servir para quem realmente precisa, como pessoas de outras cidades ou clientes de passagem.

Uma das soluções mais inteligentes e sustentáveis para reduzir o caos é o fortalecimento do transporte coletivo, especialmente o sistema de ônibus municipais. Em vez de incentivar o uso individual do automóvel, que ocupa muito espaço e transporta poucas pessoas, as cidades deveriam investir em transporte público de qualidade, eficiente e acessível.

O problema é que, na maioria das cidades pequenas e médias, o transporte coletivo é visto como um “mal necessário”, e não como parte da solução. Uma gestão responsável deveria encarar o transporte coletivo como prioridade. Um bom sistema de ônibus pode tirar centenas de carros das ruas diariamente. Para isso, é preciso um conjunto de medidas práticas.

Esses hábitos individuais de cada um geram impactos coletivos: aumentam o congestionamento, dificultam o estacionamento e poluem o ambiente. Bastaria que cada um refletisse um pouco e deixasse o carro em casa quando possível. Caminhar curtas distâncias traria benefícios à saúde, ao trânsito e ao clima. Mas, infelizmente, prevalece a vaidade — a necessidade de “mostrar o possante” — e a cidade paga o preço disso.

Existem soluções simples e eficazes para essa questão. Uma delas seria a implantação de áreas de estacionamento rotativo, como a “zona azul”, onde o motorista paga pelo tempo de uso da vaga. Isso inibiria o uso prolongado e obrigaria os ocupantes fixos a repensarem seus hábitos. Outra alternativa seria criar estacionamentos mensais pagos, próximos às áreas comerciais, para profissionais que realmente precisam deixar o carro por mais tempo. Com essas medidas, haveria melhor aproveitamento dos espaços e, ao mesmo tempo, menos destruição. De nada adianta derrubar praças e árvores para criar novas vagas, pois o ganho seria mínimo — talvez 50% de aumento — e ainda assim às custas da perda do verde, da história e da qualidade de vida.

Pesquisas urbanas mostram que cerca de 70% dos motoristas que circulam diariamente pelas cidades moram a menos de um quilômetro do trabalho. Isso significa que boa parte dos congestionamentos e da falta de vagas é causada pelo uso desnecessário do automóvel. Se esses cidadãos deixassem seus veículos em casa, estariam fazendo um bem duplo: ao próximo, que precisa estacionar; e a si mesmos, pela atividade física e o bem-estar que a caminhada proporciona.

Como disse antes, eu poderia escrever um livro inteiro relatando tantos absurdos cometidos em nome do progresso. Falta sensatez, planejamento e amor pela cidade. Tudo isso que comento aqui é, ao mesmo tempo, crítica, sugestão e alerta. Governar exige equilíbrio entre crescimento e preservação — entre o moderno e o histórico, entre o concreto e o humano. Infelizmente, muitos dos que tomam decisões públicas destroem com as próprias mãos o que a humanidade construiu com esforço e tempo — e ainda acreditam que estão fazendo o bem. Isso é a verdadeira hipocrisia.

O verdadeiro progresso não se mede por quantas árvores foram cortadas, quantas praças foram cimentadas ou quantos carros cabem no centro da cidade. Mede-se pela qualidade de vida, pela beleza preservada e pela harmonia entre pessoas e natureza. Enquanto o ser humano não entender isso, continuará cavando o próprio buraco — debaixo do pretexto de estar “evoluindo”.

Para encerrar está reflexão, deixo uma orientação que serve como convite à consciência coletiva: a cidade é o espelho fiel de seus habitantes. Nenhum prefeito, governador ou administrador é capaz de transformar uma cidade sozinho, porque o verdadeiro progresso começa na base — na conduta de cada cidadão. De nada adianta exigir honestidade, se o próprio povo se cala diante do errado. De nada adianta cobrar limpeza, se continuamos jogando lixo nas ruas. E tampouco adianta pedir trânsito organizado, se cada um quer ter o privilégio de dirigir sem respeitar regras, sem paciência, sem gentileza.

Cada cidadão é uma peça essencial do todo urbano. O trânsito, as praças, os córregos, as árvores, — tudo isso forma um organismo vivo que precisa de cuidado e respeito. Quando cortamos uma árvore à toa, quando entupimos um córrego, quando destruímos um patrimônio histórico, não estamos apenas alterando o espaço físico, estamos ferindo a própria identidade da cidade. E quando o morador aceita calado, contribui com o mesmo erro.

O progresso verdadeiro não nasce do cimento nem do asfalto. Ele floresce da consciência, da educação, da empatia e da responsabilidade. A cidade precisa de líderes que planejem com sabedoria, mas também de cidadãos que participem, fiscalizem e colaborem, principalmente os vereadores, que também não agem em nada. É preciso aprender a votar com razão e não por emoção, a acompanhar as obras e gastos públicos, e a entender que cobrar é um dever, não um favor.

Se quisermos um futuro melhor, devemos substituir a pressa pela reflexão, o descuido pela prevenção e a indiferença pelo envolvimento. Deixar o carro em casa quando possível, andar a pé, usar o transporte público, preservar o verde, respeitar a história e valorizar o que já existe são atitudes simples, mas poderosas.

Uma cidade só evolui quando seu povo amadurece. E amadurecer significa compreender que progresso não é barulho, destruição e vaidade — é equilíbrio, respeito e convivência harmoniosa. Quando cada um fizer a sua parte, as ruas serão mais humanas, os rios voltarão a respirar, e o espaço urbano deixará de ser um campo de disputa para se tornar um lugar de convivência, orgulho e esperança.

Porque, no fim das contas, o futuro da cidade não está nas mãos de quem governa, mas no coração de quem nela vive.

 

 

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Abram os olhos

Eles pensam que somos tolos. Mas, na verdade, tolos são eles, que acreditam que podem manipular a opinião pública, jogar com os mais radicais e conduzir o país como se fosse um tabuleiro de interesses particulares. Usam estratégias baixas, criam polêmicas artificiais, tentam reescrever os acontecimentos e, ainda por cima, se fazem de salvadores de uma situação que eles mesmos ajudaram a criar.

Se não tivesse existido o dia 8 de janeiro de 2023, nada disso estaria em pauta. Foi um acontecimento programado, ensaiado nos bastidores, e que hoje serve de arma política para justificar absurdos. E, como se não bastasse, ainda conseguiram plantar na mente dos mais fracos a ilusão de que um golpe resolveria os problemas do país. Que contradição!

Agora inventam a tal “anistia”. Querem anistiar não apenas os que foram presos, mas também os que organizaram e financiaram tudo. Isso não é justiça — é farsa! Querem limpar a barra de criminosos políticos com a mesma caneta que condena o povo a trabalhar sem retorno, a pagar caro por tudo, e a acreditar que há honestidade onde só existe esperteza.

Para reforçar a enganação, criaram o famigerado “PL da dosimetria”, um projeto cheio de desculpas esfarrapadas para aliviar a barra de quem não deveria sequer estar em liberdade. E ainda têm coragem de posar de defensores da democracia! Não passam de animais travestidos de políticos.

Um deles, covarde, fugiu para outro país, e de lá continua articulando contra o povo que ousou chamar de seu. A outra, com anos de prisão a cumprir, posa de vítima e finge inocência, tentando se colocar como mártir de uma causa inexistente. Para completar o teatro, votaram uma PEC da Blindagem, claramente feita para salvar a si mesmos e seus comparsas. Tentaram dar um golpe branco com a caneta, mas acabaram tropeçando na própria trama.

E para distrair a população, votaram o projeto de isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil. Projeto este do governo Federal. Um projeto super importante, é verdade, mas eles usam de forma cínica, como moeda de troca para apagar da memória popular as manobras vergonhosas que vinham tramando. Querem comprar o esquecimento do povo.

E como se não fosse o bastante, surge um senador do nada dizendo que esse projeto estava engavetado desde 2019. Pois eu pergunto: se estava lá desde então, por que não votaram antes? Por que só agora, em meio às crises, resolveram tirá-lo da gaveta? É evidente: querem manipular a opinião pública, posar de heróis e, mais uma vez, nos fazer de bobos. Os governistas tem que bater de pau  nessa raça maluca.

O resultado da PEC da Blindagem, aprovada por 344 votos a favor e  contra 133, é um retrato do sistema apodrecido que governa o país. Mas não pensem que será sempre assim. O ano de 2026 se aproxima, e muitos desses que hoje não se esconderam atrás da blindagem serão testados novamente pelo voto. Muitos ainda tentarão se perpetuar, mas serão jogados na arena dos leões, onde os leões decidiram  se merecem ou não sobreviver politicamente.

Precisamos de gente nova, de rostos diferentes, de lideranças que não carreguem consigo o ranço dessa velha política. Essa praga que se instalou no poder não tem vacina; a única cura é mandá-los de volta para casa, para nunca mais ditarem o rumo de nossas vidas.

Que ninguém se engane: eles falam bonito nas câmeras de TV, posam de defensores do povo, mas por trás das cortinas jogam sujo, tramam sua sobrevivência política e conspiram contra a democracia. É hora de abrir os olhos, de perceber que as peças

estão sendo movimentadas, não para proteger o povo, mas para proteger a eles mesmos.

Não seremos massa de manobra. Não seremos enganados mais uma vez. A história está diante de nós, e se não tivermos coragem de mudar, eles continuarão ditando as regras, fingindo inocência, enquanto riem da nossa cara.

Abram os olhos! O futuro do Brasil não pode continuar refém de quem só sabe viver da mentira.




sábado, 27 de setembro de 2025

Entre Obras, Mortos que Votam e a Força da Democracia

 


Desde que me entendo por ser humano, observo que, em minha cidade, muitas coisas curiosas — e até mesmo inusitadas — aconteceram ao longo dos anos. A administração municipal, em diferentes gestões, sempre buscou deixar sua marca na história, seja por obras de grande impacto, seja por iniciativas que transformaram o dia a dia da comunidade ou mesmo por não fazer nada de melhor para o município.

Lembro-me de prefeitos que forçaram loteamentos para abrir novos bairros, com a justificativa de expandir a cidade e atender ao crescimento populacional. Vi também ruas sendo abertas para dar acesso a essas áreas recém-criadas, mudando a geografia urbana e oferecendo oportunidades para novas moradias e empregos. Houve ainda prefeito que buscou recursos junto ao BNH (Banco Nacional da Habitação) para construir casas em bairros, garantindo o sonho da casa própria a muitas famílias. Outros, em épocas distintas, se empenharam em trazer a COHAB (Companhia de Habitação), reforçando o mesmo objetivo: proporcionar moradia digna e acessível.

Também presenciei gestões que investiram em comunicação, adquirindo emissora de rádio para o município, com o intuito de aproximar a população das informações de interesse público. Em outra época, ruas foram calçadas com paralelepípedos, melhorando a trafegabilidade e a qualidade de vida dos moradores. Teve prefeito que lutou pela vinda da companhia de abastecimento de água, uma conquista essencial para a saúde e o bem-estar de toda a comunidade. Praças públicas foram embelezadas com calçamento em pedrinhas portuguesas, que, além da estética, trouxeram um charme especial ao ambiente urbano.

Não posso deixar de citar as construções de grande importância social e administrativa: escolas, para garantir a educação das crianças e jovens; os Paços Municipal, como sede do poder público e símbolo da organização administrativa; o pronto-socorro, fundamental no atendimento de emergências de saúde; o fórum velho e novo,  a Delegacia trazendo mais segurança e ordem para a cidade , não por menos a e a Câmara, enfim por nossa pequena cidade passou prefeitos do bem, como também os imbecis que visaram somente seu propósitos.

Também presenciei mudanças importantes na infraestrutura básica. Antes, os postes de iluminação pública eram baixos e de madeira, o que limitava a eficiência e a durabilidade do serviço. Com o passar do tempo, esses postes foram substituídos por estruturas mais altas e, posteriormente, por postes de concreto, muito mais resistentes e adequados às necessidades modernas da cidade.

Houve também prefeito que decidiu mudar a escola de local, alegando que no terreno antigo deveria ser construída uma rodovia. Essa troca, embora vista por alguns como progresso, gerou muitas discussões, pois a educação sempre foi considerada pilar fundamental do desenvolvimento social, mas a escola continua de pé, como a rodoviária também.

Vi prefeito que construiu equipamentos para os dois extremos da vida de um ser humano: o pronto-socorro, voltado ao início e à preservação da vida, e o velório, destinado ao momento da despedida. Em outra gestão, surgiu a iniciativa de erguer quadras de esportes, incentivando a prática de atividades físicas e oferecendo lazer à juventude. Também não faltaram em algumas épocas investimentos nas estradas rurais, algumas abertas em locais tão difíceis que nem mesmo os animais silvestres, como o tatu, conseguiam atravessar, houve prefeito que manteve as praças bem cuidadas, com fonte, coreto, com flores de espécies dando inveja as demais da região. Passou prefeito que desviou o trânsito vindo de outras cidades que transitava pelo centro da cidade desviando por avenida, sem pensar no futuro e na evolução do plantio e turismo local.  

Houve prefeitos que buscaram promover o lazer coletivo por meio de festas de todos os tipos, movimentando a economia e a cultura local. Mas, em contrapartida, também testemunhei a decisão de tampar córregos inteiros, sufocando a passagem natural das enxurradas. O resultado foram transtornos graves, com alagamentos e prejuízos para muitas famílias.

Em outras épocas, prefeitos observaram o desgaste da natureza e se preocuparam em repovoar a cidade com árvores, lotando calçadas e avenidas de verde, proporcionando sombra, frescor e melhor qualidade de vida para todos. Porém, infelizmente, também houve gestões contrárias a esse espírito: prefeitos que arrancaram arvoredos pela raiz, queimando-os em olarias sem piedade, sem amor; destruíram árvores frutíferas das praças para dar espaço a festas dançantes, cadeiras e mesas; e que, ao invés de preservar, optaram por eliminar o que fazia parte da identidade e da memória da comunidade, esquecendo que a natureza cobra e a cobrança é de valor muito alto que nem troco existe.

Vi prefeito encobrir as ruas de paralelepípedos com asfalto, apagando uma relíquia histórica e um patrimônio cultural do povo, e não teve um sequer a mostrar que é um erro, o  asfalto dura pouco sempre tem que tapar buracos. Essas pedras carregavam memórias de gerações e davam à cidade um caráter único, que se perdeu em nome de uma “modernização” questionável.

Também não faltaram gestões marcadas pela desorganização: prefeitos que iniciaram obras e depois abandonaram tudo pela metade, deixando a população no prejuízo, ainda é visível algumas; prefeitos que fecharam instituições importantes, como a cadeia, sem oferecer alternativas à segurança pública e outras.

Alguns governantes, é verdade, buscaram o bem-estar, mas se confundiram entre o público e o privado, comprando lotes e casas, reformando seus próprios bens com materiais caríssimos, enquanto a cidade sofria com carências básicas. Outros, por outro lado, passaram pelo cargo sem nada realizar: não fizeram pela cidade, tampouco por si mesmos, deixando projetos inacabados que haviam sido iniciados por administrações anteriores.

Também existiram aqueles que chegavam ao poder “metendo a sola”, destruindo o que havia, sem planejamento e sem pensar no futuro. Cada ação deixava uma marca, positiva ou negativa, e cabe à população avaliar o que foi avanço e o que foi retrocesso.

Se eu fosse relatar detalhadamente tudo o que vi acontecer ao longo da minha vida, certamente daria para escrever um livro. E talvez esse livro servisse não apenas como registro histórico, mas como alerta: para que não se repitam os mesmos erros, em um futuro vindouro, e para que cada administrador compreenda que governar não é brincar de poder, mas sim cuidar com responsabilidade do bem comum.

Vi de tudo em minha pequena cidade, mas o que jamais pensei presenciar, e muito menos ouvir falar, é que até pessoas já falecidas pudessem “votar” e, de alguma forma, ajudar a eleger Presidente da República, Governador, Deputados e até Senadores. Pode parecer piada, mas não é: trata-se de uma realidade séria e preocupante, que fere a credibilidade do processo democrático.

Sim, em nossa cidade até mortos voltam para votar. E não é força de expressão. Pouco tempo atrás, durante as eleições municipais para prefeito e vereadores, estávamos reunidos no Fórum Municipal. Aquele encontro tinha como objetivo selar um acordo entre os partidos sobre o que poderia ou não ser feito na campanha eleitoral, um pacto de conduta para manter a lisura e a igualdade no pleito. No entanto, como tantas vezes já ocorreu, esse acordo acabou sendo quebrado por alguns, que preferiram agir de forma contrária ao combinado, e os magistrados nem verificou os acontecidos, mas deixa quieto, tem um dito que o burro só empaca, porque não foi domesticado o suficiente.

Continuando falando do morto que vota: o mais grave, porém, aconteceu dentro daquela sala. Estávamos mais de quarenta pessoas reunidas, entre representantes de partidos e autoridades, e outros tantos  na parte de fora da sala vindo de outras cidades,  quando surgiu dentro da sala o comentário que chocou a todos. O candidato adversário à prefeitura, diante do Juiz, dos que representa a lei eleitoral e de todos os presentes, afirmou em voz alta e clara: que um farmacêutico da cidade, já falecido, teria votado nas eleições de 2022. Não foi apenas um boato jogado ao vento. Ele disse o nome do falecido sem meias palavras, deixando todos espantados.

Questionado sobre como sabia de tal fato, a resposta foi ainda mais surpreendente. Segundo ele, a informação partiu diretamente do filho do próprio farmacêutico falecido, que teria confirmado a irregularidade. A  revelação, feita em público e em ambiente oficial, deixou todos perplexos, pois expôs a fragilidade de um sistema que deveria garantir a transparência e a legitimidade do voto.

Se o que foi dito realmente corresponde à verdade, trata-se de um escândalo de proporções graves, pois coloca em dúvida não apenas uma eleição específica, mas todo o processo democrático local. Afinal, se um cidadão já falecido pode “votar”, quem nos garante que outros não tenham passado pela mesma situação? Quantos votos, de fato, refletem a vontade real da população e quantos são fruto de fraudes, de descuidos do sistema ou  daqueles mesários que estão frente as urnas? Fica uma pergunta no ar...

Caramba, ficamos todos sem reação naquele instante. O país inteiro sempre ouviu falar que as urnas eletrônicas brasileiras são invioláveis e as pessoas que trabalham no dia da votação são honestas e escolhidas a dedo, como poderia então um morto votar? As urnas trata-se de um projeto considerado maduro, com anos de existência e reconhecido internacionalmente. A Justiça Eleitoral, ao longo do tempo, tem organizado eleições seguras, rápidas e transparentes, servindo inclusive de modelo e inspiração para muitos países do mundo.

E, de repente, em meio a esse cenário de confiança, surge um candidato a prefeito e declara, sem hesitar, que um falecido havia votado em nossa cidade. O mais intrigante é que o voto do falecido ocorreu justamente no ano em que alguns grupos mais exaltados, sem provas concretas, espalhavam dúvidas e teorias de fraude nas urnas eletrônicas. Foi como jogar gasolina em uma fogueira que já estava acesa.

Naquele momento, todos esperávamos uma atitude firme do Juiz. Seria de se esperar que ele interrompesse o candidato imediatamente, exigindo provas sobre suas palavras ou, até mesmo, questionando se aquela pessoa teria condições de continuar concorrendo após uma acusação tão grave. Ali não era somente um comentário, comentários ou brincadeiras se faz em bares da vida ou em roda de quem não tem o que fazer. Contudo, nada aconteceu. O juiz limitou-se a pedir à secretaria que verificasse algo sobre o tal falecido. E ficou por isso mesmo: não se esclareceu se o morto realmente votou ou não. Ora bolas! Dentro de uma sala de um fórum praticamente o candidato estava fazendo uma denúncia, cabia se então das autoridades tomar providências e sem falha.

Essa omissão acabou soando como uma verdadeira provocação à própria Justiça Eleitoral. A ausência de uma resposta imediata deixou no ar uma dúvida incômoda, como se o silêncio fosse um reconhecimento implícito de que poderiam existir falhas no sistema.

O impacto foi ainda maior do lado de fora da sala porque, naquela ocasião, havia representantes de cidades vizinhas aguardando sua vez para firmar os mesmos acordos de campanha. Ao ouvirem a denúncia, um deles, surpreso, comentou em voz alta: — “Ora, se é assim, parece mesmo que há tramoia nas urnas.”

Outro visitante, também de um município próximo, reforçou a perplexidade: — “Impressionante, nunca pensei ver isso. Se for verdade, então qualquer resultado pode ser manipulado.” O outro diz: então não vale a pena concorrer, se já escolhe o ganhador, isso é fria.

Essas falas, ditas ali mesmo de fora da sala, deixaram todos em silêncio. Minha cidade, que já havia visto de tudo em sua história, somava agora mais um episódio curioso — e preocupante — ao seu repertório. A situação era tão absurda que alguém chegou a ironizar: talvez os candidatos que não aparecem muito bem nas pesquisas acabem vencendo aqui não pela força do eleitorado vivo, mas porque, de alguma forma, estariam “falando com os mortos”, e os falecidos resolveriam conceder o voto de triunfo aquém é eleito.

Parece piada, mas é trágico. Porque, se uma dúvida dessa natureza se instala, a confiança do povo no processo eleitoral se abala. E sem confiança, a democracia perde sua essência. A sorte é que somente estava no local os candidatos ao cargo de Prefeito e os dirigentes de Partidos, por isso o comentário não se espalhou por toda a cidade, creio que nas outras cidades vizinhas também,  pois os presentes tanto de minha cidade, como a dos vizinhos não anunciaram o acontecido.

É nesse ponto que precisamos ampliar a reflexão. Todas as transformações políticas e administrativas pelas quais nossa cidade passou, cada uma à sua maneira, marcaram épocas distintas e revelaram o esforço contínuo de alguns  gestores municipais em promover melhorias. Muitas obras tiveram impacto positivo, outras foram questionáveis, mas, em linhas gerais, cada ação contribuiu para moldar o que nossa cidade é hoje. Mesmo iniciativas pequenas fazem parte de um processo coletivo de desenvolvimento e deixam marcas que ultrapassam o tempo em que foram realizadas.

Entretanto, não podemos olhar apenas para ruas, praças, escolas ou prédios públicos. Há algo ainda mais essencial: a confiança no processo democrático. De nada adianta termos obras materiais se não tivermos a garantia de eleições limpas, justas e respeitadas. O voto é a voz do povo, é o instrumento pelo qual cada cidadão exerce sua soberania.

O episódio relatado, em que se questionou até mesmo o voto de um falecido, deve servir como alerta. A democracia não pode ser tratada com descaso ou ironia. Se já é grave quando o voto de um cidadão vivo é desrespeitado ou manipulado, o que dizer de um voto atribuído a quem já não está mais entre nós? Situações assim geram descrédito, espalham desconfiança e abrem brechas perigosas para que a população desacredite de todo o sistema eleitoral.

É preciso que a justiça trabalhe afinco e que cada um de nós reflita sobre isso. Mais do que obras físicas, precisamos de líderes de pessoas comprometidas com a verdade, com a ética e com a transparência. Só assim será possível garantir que o futuro de nossa cidade — e de nosso país — seja construído sobre bases sólidas, em que a vontade real do povo seja respeitada e prevaleça acima de qualquer interesse particular ou de manobras obscuras. Que a população jamais esqueça: a cidade se constrói com tijolos, mas também — e sobretudo — com verdade, ética e responsabilidade.






quinta-feira, 25 de setembro de 2025

PEC DA BLINDAGEM E A ANISTIA OU MESMO DOSIMETRIA ESTÁ AÍ: O ELEITOR PRECISA ACORDAR

   

Só não muda a Política Brasileira agora se o eleitor ainda continuar muito burros/bois, pois os próprios políticos se apresentaram como são de verdade. Na Votação da PEC da Blindagem mostraram que são bandidos 344 deputados que votaram favoráveis, mais 36 sem compromisso com a nação, por tanto guarde isso, mente curta, para lembrar ano que vem!

A recente votação da chamada PEC da Blindagem trouxe à tona, de forma muito clara, a verdadeira face da política brasileira. Dos 513 deputados federais que compõem a Câmara, o quadro da votação ficou aproximadamente assim:

·            Sim: 344 deputados – a favor da PEC, reforçando privilégios e blindagem política.

·            Não: 133 deputados – contra a PEC, representando cerca de 25,% do total, a minoria que ainda busca algum compromisso com a transparência.

·            Ausentes: 33 a 34 deputados – não compareceram à votação, o que demonstra omissão ou desinteresse, podem também ficarem atrás da Blindagem.

·            Abstenções: 2 a 3 deputados – se abstiveram, evitando tomar posição, também um sinal de falta de compromisso com o povo.

 

Esse detalhamento revela não apenas quem votou a favor ou contra, mas também evidencia a importância de contabilizar ausentes e abstenções, que somam quase 7% do total. Esses parlamentares, por não se posicionarem, contribuem para a manutenção de um sistema que protege interesses próprios, mostrando que omissão também é uma forma de conivência.

O resultado desse levantamento é simbólico. Ele mostra que, na prática, o Congresso se dividiu entre aqueles que optaram por reforçar mecanismos de autoproteção e aqueles que, mesmo em minoria, se mantiveram firmes contra uma proposta que soa como um retrocesso democrático. Mais grave do que a votação em si, é o que ela revela sobre a relação entre representantes e representados.

A política brasileira, infelizmente, tem se mostrado refém de interesses particulares. Muitos parlamentares parecem estar mais comprometidos com a preservação de seus cargos, de suas regalias e de suas alianças obscuras do que com os direitos e necessidades do povo que os elegeu. A PEC da Blindagem, como ficou conhecida, simboliza exatamente isso: a tentativa de criar uma muralha em torno dos políticos, blindando-os das consequências de suas ações e decisões.

Mas a história não parou por aí. Após a manifestação do povo no dia 7 de setembro, em que milhares de cidadãos saíram às ruas para mostrar sua indignação, o Senado Federal decidiu arquivar a PEC. À primeira vista, esse arquivamento poderia parecer uma vitória da sociedade civil, uma prova de que os políticos ouviram a voz do povo. No entanto, não se engane: o arquivamento não significa bondade ou compromisso com os interesses da população. Pelo contrário, funciona como uma manobra política, uma forma de esconder a real intenção por trás da proposta. Ao arquivar a PEC, o Senado tenta passar uma imagem de legalidade e preocupação com a sociedade, mas não apaga o fato de que a PEC foi construída para blindar os próprios políticos.

Cabe refletir: quem coloca esses mesmos deputados e senadores no poder? A resposta é simples: o eleitorado. Se o Congresso está ocupado por figuras que agem em benefício próprio, é porque, de alguma forma, elas receberam o voto e a confiança de milhões de cidadãos. Isso significa que a mudança real não virá de dentro das casas legislativas, mas sim das urnas.

O povo brasileiro precisa compreender que cada voto carrega um peso imenso. Não se trata de escolher apenas um nome em uma lista, mas de definir os rumos da democracia. Quando a maioria continua escolhendo candidatos comprometidos com a manutenção de um sistema corrupto, acaba fortalecendo a perpetuação desse mesmo ciclo. É por isso que muitos dizem que “o político é o reflexo do eleitor”.

Se de um lado 344 deputados mostraram seu verdadeiro caráter ao apoiar a PEC da Blindagem, de outro, a responsabilidade maior está em quem os elegeu. Se o eleitor não despertar, se continuar votando sem consciência, por emoção, por favores pessoais ou por falta de informação, a política brasileira continuará imersa nesse lamaçal. É como se a sociedade entregasse o próprio destino nas mãos daqueles que já provaram não merecer tal confiança.

O número de 133 votos contrários, representando cerca de 25% do total, é pequeno, mas deve ser visto como um respiro. São parlamentares que, pelo menos nessa votação, se posicionaram contra um projeto nocivo. Isso não significa que sejam todos heróis ou incorruptíveis, mas revela que há espaço para resistência. O desafio é ampliar esse grupo, fortalecer a renovação política e, sobretudo, conscientizar o eleitor para que ele valorize mais a escolha de representantes comprometidos com a ética e a coletividade.

Portanto, o grande recado dessa votação e do arquivamento pelo Senado é simples: os políticos se apresentaram como realmente são. Mostraram, sem máscaras, quais são suas prioridades. Agora, cabe ao povo decidir se continuará aceitando esse jogo ou se vai assumir uma postura diferente. O voto não pode mais ser encarado como moeda de troca ou obrigação mecânica. Ele precisa ser um instrumento de transformação consciente, usado de forma séria e responsável.

Em resumo, não basta indignar-se com os 344 que votaram favoravelmente à PEC da Blindagem ou acreditar que o arquivamento pelo Senado os torna “bonzinhos”. É preciso entender que eles só ocupam essas cadeiras porque foram legitimados pelo voto popular e que manobras políticas sempre existirão para criar a ilusão de legalidade e compromisso. A mudança não virá de cima para baixo; ela começa com a educação política do povo, com a consciência de que ser cidadão não se resume apenas a reclamar nas redes sociais, mas sim a participar ativamente do processo democrático.

Se nada mudar na mentalidade do eleitorado, se o povo continuar sendo manipulado e agindo como “bois/burros levados pelo curral eleitoral”, a política brasileira seguirá do mesmo jeito: repleta de privilégios para poucos e com prejuízos para muitos. Mas se houver um despertar coletivo, talvez possamos olhar para frente com esperança e acreditar que os 133 que resistiram possam, em eleições futuras, se multiplicar até se tornarem a maioria.

O Tocantins se destacou na votação da PEC da Blindagem como o único estado em que todos os deputados federais votaram “Sim”, sem nenhuma oposição registrada. Esse resultado evidencia a falta de diversidade ideológica na bancada local, mostrando que não há representantes de esquerda ou mesmo de um centro racional que possam ponderar decisões delicadas. Para os eleitores, isso gera frustração e sensação de falta de voz, já que todas as decisões acabam sendo tomadas sem questionamentos críticos.

Quando um estado inteiro adota a mesma posição em pautas como a blindagem de políticos contra investigações, fica clara a fragilidade da democracia representativa e a urgência de eleitores atentos e engajados na escolha de seus representantes. A ausência de equilíbrio ideológico favorece a impunidade e a proteção de malandros da política nacional, minando a confiança pública nas instituições.

E se a experiência da PEC da Blindagem serve de alerta, é certo que, diante de propostas como a anistia total ou a chamada PEC da Dosimetria, esses mesmos deputados tenderão  votar a favor. Se passar algo que favoreça políticos corruptos, o caos estará feito, reforçando mecanismos de proteção para os mesmos malandros que deveriam estar sujeitos à lei. O resultado é um ciclo de impunidade que distancia cada vez mais a política da população, tornando urgente a necessidade de bancadas pluralizadas e cidadãos vigilantes. 2026 vem ai!


A votação da PEC da Blindagem trouxe à tona um retrato claro da postura de cada deputado federal diante de pautas que envolvem ética, impunidade e proteção de políticos. É possível classificar os parlamentares em três grupos distintos, cada um com implicações diretas para a confiança que os eleitores podem depositar:

Deputados que votaram “Sim”

         Todos os deputados que declararam voto “Sim” na PEC da Blindagem aprovaram explicitamente medidas que blindam políticos contra investigações e punições legais. Esses votos são uma demonstração inequívoca de alinhamento com interesses particulares e não com o bem público. Para os eleitores, esses parlamentares não merecem confiança, nem mesmo serem escutados, pois assumiram um compromisso com a proteção de malandros da política nacional.

Além disso, esses mesmos deputados tendem a votar a favor de futuras medidas semelhantes, como a anistia total ou a chamada PEC da Dosimetria, que têm efeitos equivalentes: proteger políticos de processos e fortalecer um ciclo de impunidade. Caso essas propostas avancem, o resultado será um reforço da proteção aos malandros que deveriam estar sujeitos à lei, consolidando mecanismos que distanciam cada vez mais a política da população.

Deputados ausentes ou vacilões

Os parlamentares que se ausentaram em uma ou outra votação, ou que demonstraram vacilo ao não se posicionar, revelam falta de coragem e comprometimento. Não dar a cara a tapa em momentos decisivos torna difícil confiar neles, pois a ausência indica que não assumem responsabilidade quando necessário. Esses vacilões, na prática, se comportam de maneira similar aos que votaram “Sim”: há grandes chances de que também apoiem futuras medidas de blindagem ou anistia para políticos corruptos.

O eleitor consciente deve manter vigilância sobre esse grupo, pois a omissão em pautas críticas é uma forma indireta de favorecer a impunidade, mostrando que a ausência em momentos importantes pode ter o mesmo efeito de um voto ativo em favor de interesses escusos.

 Deputados que votaram “Não”

Os deputados que se posicionaram contra a PEC da Blindagem merecem atenção e análise criteriosa dos eleitores. Seu voto indica resistência às tentativas de blindagem e à impunidade, mostrando um alinhamento, pelo menos parcial, com a ética e a fiscalização institucional.

No entanto, é importante destacar que nem sempre o voto isolado indica compromisso total: esses parlamentares talvez também venham a se posicionar contra ou a favor de futuras medidas, como a anistia total ou a PEC da Dosimetria. Por isso, a avaliação deve considerar não apenas um voto isolado, mas o histórico completo de postura política de cada um.

Conclusão e alerta aos eleitores

O resultado da PEC da Blindagem evidencia que, quando as bancadas não são pluralizadas, o risco de impunidade se fortalece, criando um ciclo que distancia a política da população. O Tocantins, por exemplo, foi o único estado em que todos os deputados votaram “Sim”, demonstrando ausência total de oposição e pluralidade, enquanto nos outros estados houve algum equilíbrio.

A lição é clara: os eleitores devem guardar na memória os nomes de quem votou “Sim”, quem se omitiu e quem votou “Não”, e atuar de forma consciente nas próximas eleições. É urgente eleger representantes comprometidos com a ética, a fiscalização e o bem-estar da população.

A anistia total e a PEC da Dosimetria são exemplos de medidas que, se aprovadas, reforçarão os mecanismos de proteção a políticos corruptos, perpetuando a impunidade. Para evitar esse cenário, é essencial que os cidadãos permaneçam vigilantes e exigentes, pois 2026 se aproxima, e o futuro da democracia depende da participação ativa, consciente e crítica da população. A lista é completa separada voto por voto, nome por nome e estado por estado?

 


segunda-feira, 22 de setembro de 2025

O Programa de Auditório do Rádio Cultura de Cássia–MG: Tradição, Desafios e Resistência

 


O Programa de Auditório do Rádio Cultura de Cássia–MG: Tradição, Desafios e Resistência

 

Desde 1964, acompanho com atenção e carinho a trajetória do Rádio Cultura de Cássia–MG, emissora que faz parte da memória e da identidade da nossa cidade. Vi de perto sua transição do AM para o FM, uma mudança natural, que trouxe modernidade sem apagar sua essência. Entre tantas programações, uma sempre teve lugar especial: o Programa Sertanejo de Auditório, transmitido aos domingos pela manhã.

Esse programa não era somente um espaço de música. Era um ponto de encontro, uma vitrine de talentos e um orgulho para a comunidade. Os artistas cassienses sempre foram as estrelas principais, ainda que também recebessem convidados da região, que eram acolhidos de braços abertos. O palco do auditório tornou-se, ao longo do tempo, uma escola de arte, cultura e convivência, onde muitos deram os primeiros passos diante do público e do microfone.

Veio a pandemia da COVID-19 e, naturalmente, o programa foi suspenso. Não havia clima, nem segurança, para reuniões e apresentações. Naquele momento, a pausa foi não só compreensível, mas também necessária, pois representava respeito à vida e à saúde de todos. Mas, passado o pior momento da crise sanitária, havia uma grande expectativa de que o programa retornasse com toda sua força, resgatando a tradição e reacendendo a chama da cultura sertaneja em nosso município.

Infelizmente, isso não aconteceu. Durante muito tempo, os microfones permaneceram fechados para os artistas locais. Quando se questionava sobre a ausência do programa, a resposta era quase sempre a mesma: o diretor da época não apreciava música sertaneja, menos ainda a produzida pelos chamados “desafinados de Cássia”. Essa visão preconceituosa e elitista fez com que o auditório permanecesse silencioso, privando a comunidade de um espaço que sempre foi seu por direito.

Com a chegada de um novo prefeito e, consequentemente, a troca de direção na emissora, houve a retomada. O Programa Sertanejo de Auditório voltou a acontecer, ainda que de forma tímida, apenas uma ou duas vezes por mês. Para muitos, já era motivo de alívio; para outros, inclusive eu, ficou a sensação de que faltava coragem e compromisso para devolver o programa à sua grandeza original.

A gota d’água, porém, veio no aniversário de 77 anos do Rádio Cultura, celebrado no último dia 7 de setembro de 2025. Acompanhei tudo de casa e vi que o auditório estava lotado. Mas, em vez do público fiel que sempre prestigiou as apresentações, as cadeiras também foram ocupadas majoritariamente por representantes do poder político local. O início da celebração foi marcado por longos discursos, que se estenderam por mais de uma hora, exaltando o Rádio e as autoridades presentes. Até aí, nada fora do esperado — afinal, comemorações costumam ter espaço para formalidades.

O problema foi o que aconteceu depois. Os artistas cassienses, que durante décadas sustentaram a audiência do programa e alimentaram o espírito cultural da emissora, foram simplesmente deixados de lado. A comemoração seguiu com a apresentação de apenas uma única dupla sertaneja, conhecida por cantar regularmente no restaurante da cidade. Todos os outros — aqueles que doaram tempo, talento e amor sem esperar retorno financeiro, movidos apenas pela paixão à música e à comunidade — foram excluídos.

O Rádio Cultura de Cássia não pertence a um diretor, a um político ou a um grupo específico. Ele é, por natureza, um bem público, sustentado pela história e pelo esforço coletivo, e de direito de todos os cassienses. Cada programa transmitido, cada voz que ecoa em suas ondas, faz parte de um patrimônio cultural que deve ser preservado e respeitado, não usado como instrumento de interesses particulares.

Mais grave ainda foi a postura do apresentador. Conhecedor da tradição e da importância histórica do Programa de Auditório, ele poderia ter reagido, questionado, ou ao menos registrado sua insatisfação. Mas, pelo contrário, preferiu se calar. Talvez por medo de perder o emprego, talvez por comodismo. O silêncio, nesse caso, foi tão doloroso quanto a própria exclusão dos artistas.

Diante disso, é impossível não lamentar. Porém, também é impossível não acreditar na força da cultura popular de Cássia. Os artistas chamados de “desafinados” carregam, na verdade, a essência de nossa história. São eles que mantêm vivas as modas de viola, os causos, a simplicidade e a alegria do povo. O palco do Rádio Cultura foi, durante anos, um espelho da alma cassiense, e não pode ser transformado em mero espaço de vaidade política ou interesse particular.

Deixo aqui meu apelo e minha esperança: que os artistas locais não desistam. Que continuem firmes, mesmo diante da indiferença de alguns. O tempo é implacável, e aqueles que hoje usam o auditório como palanque de sabugo não permanecerão para sempre. Novas gestões virão, novas mentalidades surgirão, e a tradição poderá ser retomada em toda sua plenitude.

Porque, no fim das contas, a cultura não pertence a diretores passageiros nem a políticos de ocasião. A cultura pertence ao povo. E o povo de Cássia sempre encontrará maneira de fazer sua voz ecoar, mesmo que tentem calá-la. Afinal, palanques de sabugo se desfazem com o tempo, e quem se equilibra sobre eles, inevitavelmente, vai ao chão.