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sábado, 15 de novembro de 2025

A VERDADE QUE NINGUÉM TEM CORAGEM DE FALAR

A VERDADE QUE NINGUÉM TEM CORAGEM DE FALAR

Hoje preciso expor, de maneira clara, firme e sem rodeios, a incompetência que tomou conta das administrações municipal — do passado, do presente e, se nada mudar, do futuro. Parece até que ser gestor virou brincadeira de mau gosto: entra um, sai outro, e a cidade continua afundada na mesma lama administrativa. Eles sabem que o tempo não para, que a população cresce, que os problemas aumentam, que novas demandas surgem diariamente… mas agem como se a cidade estivesse congelada nos anos 1940, como se o mundo não tivesse mudado absolutamente nada.

Vivemos em um país onde todo dia nasce gente, todo dia aumenta o consumo, todo dia cresce o fluxo de mercadorias, veículos, alimentos, lixo, resíduos, máquinas e construções. O correto seria termos gestores que acompanhassem esse ritmo, que planejassem o hoje pensando no amanhã. Mas o que vemos? São Gestores parados no tempo, apáticos, medrosos, preguiçosos e completamente despreparados, que fingem administrar enquanto a cidade se destrói diante dos nossos olhos.

Parece duro falar assim? Duro é viver na prática o que essa incompetência causa. Duro é ver um município inteiro se transformar em um amontoado de erros, descaso e bagunça institucional.

Mistura de estabelecimentos incompatíveis: risco real à saúde pública. Açougue ao lado de loja que vende venenos, com cães impedindo a entrada. Ter um açougue ao lado de um estabelecimento que comercializa venenos é, por si só, uma infração sanitária gravíssima. Agora, somando-se a isso a presença de cães na porta impedindo a entrada dos clientes, a situação se torna ainda mais absurda. Esse cenário pode causar: Contaminação cruzada entre alimentos e substâncias tóxicas. Risco de envenenamento acidental. Transmissão de zoonoses por cães soltos, como: Leptospirose. Raiva. Verminoses diversas. Giardíase. Leishmaniose. Infecções por Salmonella e E. coli. Nada disso acontece por acaso: acontece por falta de fiscalização e por incompetência administrativa.

Farmácia encostada em posto de gasolina. A proximidade entre farmácias e postos de combustíveis aumenta o risco de exposição a substâncias tóxicas, principalmente benzeno, liberado pela evaporação de combustíveis. O benzeno é reconhecido pela OMS como um agente altamente cancerígeno, associado especialmente à leucemia. Isso deveria ser proibido, fiscalizado e corrigido. Mas ninguém faz nada.

Chiqueiro de porcos próximo à área urbana. É proibido por lei manter cria de porco próximo à cidade. O motivo é simples: risco sanitário grave. Os problemas incluem: Proliferação de moscas e insetos contaminadores. Odores fortes e gases tóxicos. Risco de doenças como: leptospirose, salmonelose, parasitoses, contaminação do solo e da água. Mesmo assim, deixam porcos a menos de quinhentos metros, quase no quintal do povo.

Animais pastando em lotes dentro da cidade, ou em cercados infestados de carrapatos. Carrapatos transmitem doenças perigosas, como: Febre Maculosa (letal). Doença de Lyme. Anaplasmose. Babesiose. Pastos dentro da cidade são proibidos justamente por esses riscos, mas gestores fecham os olhos.

Padaria cercada por cães de rua, que passam o dia inteiro expostas a cães, que deixam: Baba, Pelos, resto de Fezes, Urina, Rabuja, pulgas e carrapatos. Isso espalha doenças como: leptospirose, Raiva, Verminoses, Sarna, Giardíase, infecções bacterianas diversas, fungos e vírus transmitidos pela saliva e pelas patas dos animais. Mesmo assim, os gestores não realizam recolhimento, controle populacional, vacinação ou castração desses animais.

Gatos em telhados e por todo lado. Podem transmitir: Esporotricose, toxoplasmose, doença da arranhadura do gato, sarna, raiva. E continuam se multiplicando sem qualquer política de controle.

Lixo espalhado pela cidade nos finais de semana. Lixo na rua atrai: Ratos, baratas, mosquitos, urubus, cães e gatos doentes, moscas transmissoras de bactérias. Com isso surgem doenças como: Dengue, Zika, Chikungunya, Leptospirose, Salmonelose, infecções intestinais. Tudo isso por falta de coleta regular e de orientação pública.

Terrenos baldios e lotes abandonados. Terrenos sujos são focos de: Aedes aegypti, ratos e camundongos, baratas, escorpiões, cobras, moscas. E o povo paga o preço da negligência alheia.

Calçadas estreitas, irregulares e bloqueadas. Um dos maiores absurdos urbanos: calçadas cheias de: Degraus, Mesas, Cadeiras, Postes, Lixeiras, obstáculos construídos há mais de 10 anos sem fiscalização. Os pedestres são obrigados a: Tropeçar, desviar, andar na rua no meio dos carros, correr risco de atropelamento. A Lei Brasileira de Inclusão exige calçadas livres e acessíveis, mas aqui ninguém cumpre nem cobra. Os gestores simplesmente ignoram tudo.

Oficinas de caminhões e carretas dentro da cidade destruindo o asfalto. Caminhões pesados: não deveriam ficar dentro da cidade,  não deveriam estacionar em ruas e avenidas, não deveriam parar na porta de oficinas urbanas. O peso destrói o asfalto rapidamente, e a prefeitura gasta fortunas para refazer trechos que nunca foram projetados para esse tipo de tráfego. Parece até que é conveniente manter essa destruição para justificar obras e gastos sem transparência. Oficinas de veículos pesados precisam estar fora da área urbana, em local apropriado. Mas nada é feito.

Bueiros entupidos, tampados com concreto e abandono urbano. E estes bueiros então principalmente na área do centro, cada vez mais estão tampando os, o que deveria ser cuidado é entupidos por concretos, deve ficar mais barato tampar do que manter, e que a água corre sobre as ruas. O problema de bueiros entupidos por concreto ou outros resíduos, principalmente na área central de cidades, é recorrente e um dos principais causadores de alagamentos e problemas de drenagem urbana. O descarte irregular de material de construção civil é uma das causas desse problema, que exige fiscalização e manutenção por parte do poder público. Mas nada é feito e sim entupido!

O centro da cidade está com bueiros: entupidos, tapados por concreto, com grelhas quebradas, sem manutenção, com isso: a água corre por cima das ruas, surgem enxurradas perigosas, o asfalto se rompe, a cidade alaga. Tapar bueiro com concreto é crime contra a drenagem urbana, mas aqui parece que é prática comum porque "fica mais barato".

Destruição de praças históricas e obras inacabadas. Há gestores que: destroem praças centenárias, cortam árvores antigas, quebram bancos históricos, prometem modernização e entregam uma praça  com arvores que levar cinquenta anos para dar sobra, ou mesmo plantam coqueiros que nem sombra dá, como na praça o central até hoje não tem sombra suficiente no triângulo. Outros  iniciam obras e deixam inacabadas, como vemos uma lá no morro. E o povo aceita, porque prefere festa.

Roubos  em alta e a inércia do poder. Nos últimos tempos, o que mais não é emprego, não é investimento, não é qualidade de vida. O que cresce, infelizmente, é a criminalidade — e cresce de forma descarada, à luz do dia ou da noite, sem medo de ninguém. Os roubos e furtos se multiplicam, e a sensação que fica para o cidadão honesto é de abandono completo, como se estivéssemos vivendo num lugar sem lei, sem autoridade e sem responsabilidade pública. Hoje já se rouba de tudo, desde os itens mais simples até os mais caros e difíceis de repor. Não existe limite, não existe respeito, não existe medo de punição. Furto de fios: casas e ruas às escuras, sem internet enquanto criminosos lucram

Os bandidos já estão roubando fiação elétrica de casas, comércios, postes, bombas d’água e até transformadores. Em minutos para arrancam metros e metros de cabo. O prejuízo para o cidadão é enorme: a casa fica sem luz, portões automáticos são levados, eletrodomésticos, levam segurança eletrônica, comerciantes sofrem com o prejuízo  E ninguém vê solução. A pergunta é: E a polícia? E a prefeitura? Onde estão? Quem está fiscalizando os receptadores?

Porque para cada item roubado, existe alguém comprando, e isso não é segredo para ninguém. Roubo de peças e componentes de automóveis. Os furtos de veículos ou de partes deles como: Baterias, centrais eletrônicas, retrovisores, rodas e pneus. Roubar carro inteiro ficou “difícil”? Então roubam por pedaços. Muitas vezes o carro está estacionado na porta de casa, e mesmo assim o criminoso leva o que quer. O cidadão trabalha meses para comprar algo e, em cinco minutos, o bandido arranca e leva embora — e a polícia aparece muito tempo depois, quando aparece.

Produtos da agricultura: do pequeno ao grande produtor, todos são vítimas, até na zona rural os roubos são constantes. Estão levando: hortaliças, frutas prontas para colher, sacas de milho, café, soja e de feijão, ferramentas, motobombas, sacos de adubos, mangueiras, equipamentos de irrigação.

O produtor acorda cedo, trabalha de sol a sol, investe tempo e dinheiro para cuidar da lavoura — e quando chega o momento de colher, encontra só os rastros de quem passou antes. E quando procura ajuda, o que ouve? “Faz o boletim e aguardar.” Enquanto isso, os receptadores continuam funcionando normalmente.

Roubo de bicicletas: o meio de transporte de muitos virou alvo fácil. Para muitos trabalhadores, estudantes e idosos a bicicleta é o principal — e às vezes o único — meio de transporte. E virou alvo fixo dos ladrões. Roubo de bicicleta acontece: no portão, na calçada, na praça, no mercado, até de dentro do quintal.

Quem perde a bicicleta perde mobilidade, perde o caminho do trabalho, perde liberdade — e fica entregue à própria sorte.

A falta de limite é tanta que  galinhas, patos, porcos, gado são levados. O pequeno criador, que cuida para consumo próprio ou para complementar a renda, vive com medo de acordar e descobrir que a criação sumiu. É o retrato de um município sem controle, onde o ladrão faz o que quer porque sabe que não vai acontecer nada.

A pergunta que não quer calar: de quem é a responsabilidade? O povo já não sabe mais quem está falhando: É a administração municipal, que não cobra, não pressiona, não organiza a segurança local e não investe, não monitora e nem faz prevenção? Ou é o Estado, que não envia efetivo suficiente, não reforça a polícia e não investiga os receptadores? A verdade é que o problema é de todos: quando um rouba e outro compra, quando ninguém fiscaliza, quando ninguém pune, quando ninguém acompanha, a cidade vira território do crime.

Os receptadores são conhecidos — e continuam comprando. Todo mundo sabe que os roubos só existem porque existem os compradores. Alguns ferros-velhos, oficinas e depósitos são conhecidos por: comprar fios queimados, comprar portões arrancados, comprar panelas, latões e peças de alumínio, comprar equipamentos eletrônicos roubados, comprar ferramentas agrícolas, comprar tudo que o bandido leva. A população sabe quem são, parece que até o policiamento os conhecem, mas parece que ninguém mais investiga. Não existe ladrão sem comprador. Enquanto a polícia finge que não vê e a fiscalização não aparece, o crime vira negócio lucrativo.

O ciclo da incompetência reforçado por festas e descaso. Enquanto isso: Saúde a desejar faltando, Saneamento precário, Educação não sai na frente, Habitação zero, Transporte!, Iluminação pública alto preço, Segurança desprezada, Trabalho e oportunidades inexistentes. Mas basta fazer uma festa, barulho e fogos, que o povo esquece tudo.

A vereança não cobra, não fiscaliza, não bate de frente. Prefere participar das festas também, ocupando palcos, tirando fotos e aparecendo como se tudo estivesse em perfeita ordem. Enquanto isso, os problemas reais são empurrados para debaixo do tapete. Falta atitude, falta coragem e, principalmente, falta compromisso com quem realmente paga a conta: o povo. E assim permanece o lema silencioso da cidade: “Se tem festa, está tudo bem.”

Mas não está. Porque festa não ilumina rua escura, não diminui o número de furtos, não resolve calçamento quebrado, não põe medicamento no posto de saúde, não resolve a fila constante de pacientes, não cuida das praças destruídas e nem devolve a segurança que a população perdeu. O que se vê é uma administração que aposta no brilho momentâneo, em vez de enfrentar os problemas do dia a dia.

E os vereadores, que deveriam ser a voz da população, transformam-se em meros espectadores — ou pior, em cúmplices pelo silêncio. Muitos preferem agradar o gestor do que defender a comunidade; trocam o dever de fiscalizar pela conveniência de manter benefícios, cargos e aproximações políticas.

Além de não cobrar, não fiscalizar e não bater de frente, existe ainda o medo — um medo silencioso que paralisa e compromete qualquer atitude. Há pouco tempo mesmo, vimos um exemplo claro disso: o vereador tentou cobrar, mas o gestor impôs sua vontade, e o vereador simplesmente se sujeitou, aceitando tudo da forma que foi exposto. Uma cena lamentável, que escancara a fraqueza de quem deveria defender o povo.

É triste perceber que quem foi eleito para representar a comunidade está se curvando, não por respeito, mas por receio. Vereador que teme gestor não fiscaliza; vereador que teme gestor não questiona; vereador que teme gestor não serve ao povo, mas sim aos interesses de quem está no poder e a si.

E assim fica evidente o quadro mais duro: a população está mesmo sem representação. Sem voz. Sem defesa. Sem ninguém para enfrentar, cobrar, exigir, denunciar ou lutar. Uma Câmara que deveria ser o equilíbrio transformou-se em extensão do gabinete do gestor. E quando a coragem desaparece, a cidade inteira paga o preço.

São representantes que evitam debates duros, que fogem de questionamentos, que não querem desagradar ninguém para não perder apoio. Mas, ao agir assim, perdem algo muito maior: a confiança do povo.

A Câmara deveria ser o espaço onde os problemas do município são levantados, debatidos e enfrentados com seriedade. Porém, o que se vê é uma fileira de cadeiras ocupadas por quem apenas concorda, acena a cabeça e aprova tudo sem questionar. Uma vereança que não representa, não protege e não reage. Enquanto isso, a cidade sofre calada — e eles fazem de conta que não veem. Fazendo a festança!




 

 

sábado, 8 de novembro de 2025

O Ciclo da Destruição e o Silêncio da Gestão Pública

 O Ciclo da Destruição e o Silêncio da Gestão Pública

Acabei de chegar à conclusão de que os políticos e gestores públicos, na prática, são todos iguais. Mudam apenas os rostos, os discursos e as promessas, mas o ideal que os move parece ser o mesmo: destruir, destruir e destruir, sem medir as consequências. Não importa o que esteja em jogo — patrimônio, história, saúde, ou o bem-estar da população — todos que passaram por nossa cidade, ao longo dos anos, mostraram-se apenas aproveitadores do cargo, preocupados em se beneficiar e deixar sua marca pessoal, não em servir ao povo.

Quando olho para trás e observo a trajetória da nossa cidade, que já soma mais de cento e trinta anos de existência, percebo o quanto poderíamos ter evoluído. Uma cidade com uma base tão sólida, com tanta história e potencial, já deveria ter se transformado em um exemplo de progresso — não em quantidade de habitantes, mas em qualidade de vida, infraestrutura, planejamento e desenvolvimento humano. Porém, o que se vê é o contrário: a estagnação e o retrocesso. Parece que nossos gestores nunca pensaram em construir algo duradouro; querem apenas deixar placas com seus nomes presos em obras visíveis, como se isso fosse símbolo de boa administração.

Para deixar o nome cravado em algum lugar, muitos fazem de tudo: derrubam o que já foi construído, reformam o que não precisa, pintam o que não está descascado e trocam o que ainda funciona. O resultado é desperdício de recursos públicos, destruição do que já estava pronto e a sensação de que tudo recomeça a cada mandato, como se o passado fosse sempre descartável. E o mais revoltante: de todos os que já passaram pela gestão da cidade, não há um sequer que se salve.

Num passado não tão distante, nossa cidade era simples, de pouco movimento, com limitações estruturais, é verdade. Mas o tempo trouxe avanços, tecnologias, recursos e conhecimento. O que faltou — e ainda falta — é planejamento e responsabilidade. Com visão de futuro, poderíamos ter evitado tantos desgastes desnecessários e priorizado o que realmente importa: a Saúde pública, por exemplo, o bem mais essencial de qualquer comunidade.

A saúde é um desafio em qualquer lugar, mas com a evolução que tivemos desde os anos 1960 até hoje, há soluções rápidas, seguras e viáveis. O que falta não é tecnologia, nem dinheiro — é gestão inteligente e vontade de fazer o certo. Enquanto gestores preferem criar dificuldades, o povo sofre com filas intermináveis, falta de atendimento, ausência de remédios e descaso. Em vez de permitir que particulares lucrem com o sofrimento de quem não pode pagar, o poder público deveria assumir um rumo diferente, criando um sistema de saúde municipal mais justo, transparente e eficiente.

Um exemplo claro de desorganização é o funcionamento conjunto — ou muito próximo — de hospitais particulares e prontos-socorros públicos. Essa mistura causa confusão, descontrole e indignação. Quando o hospital é privado e o pronto-socorro é municipal, surgem problemas sérios: mistura de pacientes do SUS com os de convênios e particulares, dificuldade para saber quem paga cada atendimento, conflito de responsabilidades entre prefeitura e hospital e caos na triagem e entrada dos pacientes.

E por trás dessa confusão, existe um jogo silencioso e perverso que poucos conhecem, mas que afeta diretamente o bolso do cidadão e a qualidade do atendimento. Em muitos hospitais conveniados, uma prática antiga e disfarçada vem se repetindo há anos: todos os pacientes que passam pelo pronto-socorro, independentemente de possuírem plano de saúde ou condições particulares, acabam sendo lançados como atendimentos custeados pelo SUS. Aqui deve acontecer o mesmo! Essa manobra, escondida entre papéis e burocracias, faz com que o Sistema Único de Saúde arque com despesas que, em tese, deveriam ser pagas pelos planos privados ou pelos próprios pacientes particulares.

O resultado é um desequilíbrio gritante. O SUS, que já sofre com falta de recursos, é sobrecarregado por custos que não lhe pertencem, enquanto o hospital ou o instituto beneficente responsável pela administração da unidade sai ganhando. A instituição, que se apresenta como “filantrópica”, multiplica seus lucros, aumenta seu patrimônio e ainda se promove como prestadora de serviço público exemplar. Por trás da fachada da “caridade” e da “assistência ao povo”, o que existe é uma estratégia financeira bem calculada: transferir a despesa para o sistema público e, ao mesmo tempo, acumular ganhos particulares. Os repasses feitos pelo SUS, muitas vezes em valores acima dos custos reais, tornam-se fonte constante de lucro e de poder, enquanto o atendimento à população continua precário e as filas crescem.

Enquanto isso, o cidadão comum, que acredita estar sendo atendido pelo plano que paga ou por um hospital beneficente comprometido com o social, na verdade se torna apenas mais um número usado para inflar relatórios e justificar verbas públicas. É um ciclo de vantagens para poucos e prejuízo para todos.

Dentro desse cenário corrompido por interesses e vícios antigos, um bom gestor, com senso de responsabilidade e coragem, poderia romper com esse ciclo de favorecimentos, desde que esteja disposto a enfrentar a resistência dos que se beneficiam do sistema. O primeiro passo seria expor o que está escondido. Denunciar de forma oficial e documentada as irregularidades nas cobranças indevidas ao SUS, mostrar publicamente os repasses recebidos, os gastos reais e os lucros obtidos pelas instituições que se dizem beneficentes. A transparência é a maior arma contra o abuso disfarçado de caridade. Quando a população entende para onde vai o dinheiro público, o discurso de “hospital filantrópico” perde o brilho e revela sua verdadeira face.

Um bom gestor não teme a fiscalização, ao contrário, ele a promove. Cria mecanismos para que cada centavo investido em saúde possa ser rastreado, desde a entrada do paciente até o pagamento final do procedimento. Implanta auditorias independentes, abre as contas à sociedade, valoriza os profissionais que trabalham com ética e corta privilégios disfarçados de “parcerias”. Com coragem, esse gestor pode ainda levar o caso aos órgãos de controle — Ministério Público, Controladoria-Geral, Tribunais de Contas —, exigindo que as verbas do SUS sejam aplicadas somente em atendimentos realmente públicos, e que os planos de saúde cumpram sua parte, pagando o que devem pelos atendimentos de seus segurados.

É um caminho difícil, solitário e perigoso, porque mexe com estruturas poderosas e antigas. Mas é também o único capaz de devolver à população o que lhe pertence: o direito de ser atendida com dignidade, sem ser usada como disfarce para enriquecer instituições que se alimentam do dinheiro público. Somente um gestor consciente, comprometido e disposto a enfrentar o sistema pode transformar essa realidade — e mostrar que a verdadeira filantropia não está em acumular bens, mas em servir o povo com honestidade e justiça.

A solução, no entanto, é simples: criar fluxos separados de atendimento. Deve-se dividir física e administrativamente o espaço e o atendimento, separando o pronto-socorro municipal, exclusivo para o SUS, das áreas de atendimento particular e convênios. As triagens precisam ser distintas, uma para o paciente SUS e outra para convênios ou particulares. O processo seria simples: perguntar se o paciente tem cartão SUS ou convênio e encaminhá-lo ao setor correto. O registro também deve ser separado em sistemas distintos: um para o SUS e outro para particulares, ou, se for um sistema único, com perfis independentes. Além disso, é essencial firmar um contrato ou convênio formal entre o município e o hospital, deixando claro quem paga os profissionais e materiais, como são feitas as transferências de pacientes e como são prestadas as contas à Secretaria de Saúde.

A comunicação com a população também é crucial. Devem ser colocados cartazes informativos, explicando onde se dirige cada tipo de atendimento. É uma questão de respeito, clareza e eficiência. Mas, infelizmente, o que se vê é exatamente o contrário.

A grande falha em nosso município está na ausência total de comunicação transparente entre a gestão da saúde e a população. Quando as pessoas não são informadas, criam suas próprias versões dos fatos — e com razão. O cidadão sente na pele a falta de atendimento, o atraso das consultas, o sumiço dos exames e a falta de remédio. E o pior: sente o silêncio das autoridades. Não comunicar é um erro gravíssimo. A falta de transparência gera revolta, boatos e desconfiança, e faz com que tudo pareça corrupção, mesmo quando não é. Os gestores trazem tudo às escondidas: consultas atrasadas, exames parados, medicamentos em falta, e quando o povo reclama — com toda a razão — chamam de exagero. Mas o povo fala porque sofre, porque vive o problema todos os dias.

A comunicação em saúde é tão importante quanto o próprio remédio. Informar bem é obrigação pública, não favor. Transparência ajuda a evitar boatos e falsas notícias, a explicar com clareza os motivos de atrasos, a mostrar o que está sendo feito, a valorizar os profissionais que realmente trabalham e a conquistar o apoio da comunidade em vez de apenas críticas. O setor de saúde deveria prestar contas regularmente — no mínimo uma vez por mês — informando à população quais medicamentos estão em falta, quais foram solicitados e quando chegam; as datas e locais de mutirões e exames; a quantidade de atendimentos, internações e procedimentos realizados; e os motivos claros e simples de eventuais atrasos ou falhas.

Essa transparência traria confiança, respeito e, principalmente, esperança. Mas, infelizmente, o que vemos é o contrário: segredo, desorganização e descaso. E por isso o povo fala, reclama e protesta — com toda razão. Em resumo, o que temos hoje é o reflexo de uma gestão que não pensa nas pessoas, mas nas aparências. Se houvesse compromisso verdadeiro, nossa cidade — com seus mais de 130 anos — já seria um exemplo de progresso. Mas enquanto a vaidade e o ego dos gestores forem maiores que o amor à cidade, continuaremos assistindo a esse ciclo de destruição e descuido, onde ninguém constrói, apenas destrói o que os outros fizeram.

 


terça-feira, 4 de novembro de 2025

A Direita, a Extrema-Direita e a Condenação de Jesus: Um Paralelo Histórico que Persiste.

 

A Direita, a Extrema-Direita e a Condenação de Jesus: Um Paralelo Histórico que Persiste.


Poucos dizem abertamente, mas todos um dia precisam saber: Jesus foi condenado por uma combinação de interesses religiosos e políticos, orquestrada entre líderes religiosos e autoridades do poder. Não foi apenas um julgamento injusto, mas um ato político cuidadosamente calculado, fruto do medo, da hipocrisia e da conveniência de quem temia perder o controle sobre o povo.

Jesus incomodava. Sua mensagem de amor, justiça, igualdade e partilha afrontava tanto os líderes religiosos, que viviam da opressão e da lei fria, quanto os governantes, que sustentavam o império à base da força e da submissão. Ele representava uma ameaça ao sistema estabelecido — pregava a liberdade interior, o valor do ser humano acima das instituições, e isso jamais agradou aos que se beneficiam da desigualdade e do autoritarismo.

A figura de Pilatos e o poder covarde

O governador Pôncio Pilatos, representante direto, tinha a autoridade máxima para aplicar a pena capital. Foi ele quem assinou a sentença, mesmo tentando parecer neutro. A cena em que “lava as mãos” é, na verdade, um símbolo da covardia política: o típico gesto do governante que finge não se envolver, mas se beneficia do resultado.

Pilatos representa aquele tipo de líder que existe até hoje — o que se diz “moderado”, “imparcial”, mas que na prática serve ao poder e não à justiça. Assim como ele, muitos políticos da chamada direita e extrema-direita usam o discurso da moral e da ordem, mas quando o povo sofre, preferem lavar as mãos. Fingem neutralidade enquanto condenam inocentes pelas decisões que tomam ou permitem.

A estrutura da direita desde os tempos antigos

Se olharmos com atenção, o que aconteceu com Jesus segue o mesmo padrão ideológico que hoje conhecemos nas forças conservadoras da direita e da extrema-direita. São movimentos que se alimentam da manipulação, do medo e da falsa moral.
Usam a religião como escudo, a pátria como desculpa e a família como fachada — mas no fundo o objetivo é sempre o mesmo: manter privilégios e poder.

A direita de ontem e a extrema-direita de hoje têm uma semelhança gritante: dizem uma coisa pela manhã e desdizem à tarde. São contraditórios por natureza, porque não acreditam nem neles mesmos. Vivem de aparências, de promessas vazias e da manipulação dos mais simples. E o pior: tentam convencer a todos de que representam a verdade e os valores cristãos, quando na prática agem contra tudo que Jesus ensinou.

“Deus, Pátria, Família”: o velho disfarce do autoritarismo

Décadas, séculos se passaram, e o mundo mudou — mas o discurso da direita conservadora continua o mesmo. Durante as campanhas eleitorais e momentos de crise, slogans como “Deus, Pátria, Família” ressurgem com força, tentando pintar de fé e moralidade o que, na verdade, é controle e intolerância. Esse lema não nasceu do amor a Deus, mas do medo da liberdade.

Ele foi usado por regimes totalitários como o Integralismo Brasileiro, inspirado diretamente no fascismo europeu dos anos 1930, sob o domínio de Benito Mussolini e Adolf Hitler. Em nome de Deus e da pátria, esses regimes promoveram perseguições, censura, tortura e morte. Era a fé transformada em instrumento de opressão — exatamente como fizeram com Jesus.

Nesses movimentos, “Deus” servia para justificar o autoritarismo; “pátria”, para impor o nacionalismo cego; e “família”, para reprimir qualquer ideia que fugisse do padrão que o poder queria manter. São ideologias que sempre temeram a liberdade e a igualdade, porque sabem que o povo consciente é o fim de seus privilégios.

A manipulação do sagrado

Há uma contradição evidente nesses grupos: falam em nome de Deus, mas suas ações são contrárias ao evangelho. Jesus pregou o amor, o perdão, a compaixão e a partilha. Já os que se dizem defensores da “fé” dentro da política pregam o ódio, a exclusão, o armamento, a intolerância e o desprezo pelos mais pobres. Usam a Bíblia como bandeira, mas não a leem com o coração — leem como quem busca justificar o poder e não servir à verdade.

Quando líderes políticos usam o nome de Deus para ganhar votos, estão repetindo o mesmo erro — ou o mesmo crime — de Pilatos, Caifás, Benito Mussolini e Adolf Hitler: usam a fé como ferramenta de manipulação. Assim como os líderes religiosos da época de Jesus temiam perder o controle sobre o povo, hoje também muitos líderes da extrema-direita temem perder seu domínio sobre as mentes e corações dos fiéis.

A insanidade do fanatismo

A direita e a extrema-direita vivem uma obsessão perigosa: acreditam que quem não está com eles está “fora de tudo”. Esse pensamento divide, destrói, exclui. É o mesmo espírito que levou à crucificação — o medo de quem pensa diferente, o ódio a quem questiona o poder. São pessoas presas ao passado, que confundem fé com imposição e confundem pátria com propriedade. Querem mandar no corpo, na fé, no voto e até no pensamento dos outros.

O verdadeiro cristão não se guia por slogans, mas por atitudes.
Quem realmente segue Jesus não levanta bandeira de ódio, não apoia injustiças e não defende tiranos. O que vem da direita e extrema-direita não tem nada de divino: tem o cheiro velho do autoritarismo, o mesmo que há dois mil anos condenou o homem que pregava apenas o amor.

Conclusão: A história se repete

A condenação de Jesus não foi apenas um episódio religioso — foi um ato político, um julgamento manipulado para satisfazer o poder da época. E quando observamos o cenário atual, percebemos que pouco mudou.
A mesma mentalidade que crucificou o justo ainda vive disfarçada em discursos moralistas, em templos, em palanques e nas redes sociais. Mudaram os nomes, os rostos, as roupas — mas a essência da direita e da extrema-direita continua a mesma: o medo do amor e da liberdade.

Por isso, compreender a história não é apenas olhar para o passado — é um ato de vigilância. Enquanto houver quem use o nome de Deus para dominar, quem desvirtue a fé para oprimir, e quem lave as mãos diante da injustiça, a cena de Pilatos continuará se repetindo, e Cristo continuará sendo crucificado todos os dias — nas periferias, nos pobres, nos diferentes, nos oprimidos e em todos os que ousam pensar com o coração livre.

O Caminho dos Humildes e a Escolha que Define o Lado de Deus

Os humildes, os pobres, os trabalhadores, os sonhadores que carregam nas costas o peso da vida e a esperança de um futuro melhor — esses jamais deveriam se deixar enganar pelos discursos da direita e da extrema-direita. Esses grupos nunca caminharam ao lado do povo, nunca sentiram a dor da fome, nunca entenderam o valor de um prato de comida ou de um salário justo. Falam em “Deus”, mas vivem de enganar; falam em “família”, mas desprezam as famílias simples; falam em “pátria”, mas vendem o país ao primeiro interesse que lhes convém.

Os que labutam de sol a sol, os que sonham com uma casa, com saúde, com escola, com dignidade, devem lembrar sempre de onde vêm e por quem lutam.
Porque foi nas mãos dos humildes que Jesus caminhou, foi na mesa dos simples que Ele partiu o pão, e foi pelos pobres que Ele deu a vida. Seguir a direita ou a extrema-direita é esquecer essa verdade. É voltar ao tempo de Pilatos, de Caifás, e de todos os que condenaram o justo para salvar o poder.

Quem acredita em Jesus não pode caminhar ao lado de quem o crucificaria de novo. Quem tem fé no amor e na justiça não pode apoiar quem faz da fé um instrumento de mentira.

O trabalhador, o agricultor, o estudante, a mãe de família, o sonhador que busca dias melhores — todos esses pertencem ao povo de Deus, e não ao exército da intolerância. O verdadeiro cristão não se curva diante do ódio. O verdadeiro patriota não destrói seu próprio povo. E o verdadeiro homem de fé sabe que Jesus jamais escolheria o lado dos ricos e poderosos que exploram os pobres em nome de Deus.

Há um ensinamento simbólico e profundo que muitos ignoram: Jesus sentou-se à direita de Deus porque o coração dele está do lado esquerdo. Assim, Deus protege o coração — a essência, o amor, a compaixão — e não os pensamentos doidos e egoístas de alguns que falam em Seu nome sem entender o que dizem.
Se Jesus estivesse sentado à esquerda, o coração dele estaria à deriva, como o de tantos que perderam o rumo. Mas Ele está à direita, para que o coração permaneça guardado em Deus, e não contaminado pelos delírios de poder e vaidade humana.

Por isso, é preciso dizer com firmeza: Quem segue a direita ou a extrema-direita, mesmo que não pratique o mal diretamente, comete o erro de pertencer à mesma quadrilha que condenou Cristo. Pode não bater o prego na cruz, mas ajuda a segurá-la.
Pode não levantar a voz do ódio, mas permanece em silêncio enquanto a injustiça fala por ele.

Que cada um olhe para dentro de si e lembre: Deus está com os humildes, com os que têm mãos calejadas, corações limpos e fé sincera. Jesus está com os que buscam a verdade, não com os que a usam para dominar. E enquanto houver quem escolha o amor em vez do medo, a solidariedade em vez do lucro, e a justiça em vez da conveniência — o Reino de Deus continuará vivo entre nós.





 

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

“A Cidade que Reflete o Povo

Hoje trago uma reflexão que reúne comentário, crítica, sugestão e análise sobre a forma como nossa cidade vem sendo administrada ao longo dos anos. É uma tentativa simples de manifestar aquilo que muitos cidadãos percebem, mas poucos expressam com clareza: a sensação de que os mandatos passam, mas os problemas permanecem.

Há muito tempo nossa cidade elege prefeitos e mais prefeitos — cada um com sua aparência, seu caráter, seus desejos e suas ambições. Alguns chegam com vontade de trabalhar, deixam obras e resultados que melhoram a vida das pessoas. Conheci alguns assim, que realmente mostraram serviço. No entanto, há também os que nada fazem de útil: assumem o cargo apenas para garantir um bom salário, desfrutar do poder e, muitas vezes, destruir o que outros fizeram antes. Há ainda os que vencem a eleição, festejam e somem, esquecendo completamente dos bairros que prometeram visitar. Durante a campanha, correm de casa em casa atrás de voto; depois de eleitos, desaparecem.

Prometem planos e projetos para tudo — saúde, educação, infraestrutura, lazer — mas, uma vez no poder, os planos ficam à deriva. São tantos cargos de confiança distribuídos por favores políticos que, ao final, muitos gestores nem sabem para que servem. É o velho jogo do poder: garantir influência e aliados, em vez de garantir resultados. Em muitos casos, fazem acordos políticos tão amplos quanto o inferno, que depois não conseguem cumprir. O povo, por sua vez, precisa parar de agir como mero espectador. Deve compreender, de forma legal e consciente, que se um prefeito não cumpre sua função de melhorar a vida do cidadão, não deve continuar. O voto precisa deixar de ser um cheque em branco.

Há quem diga que o problema está nos partidos. Seria o partido o culpado pela má administração? A resposta é não. No Brasil, segundo entendimento predominante da Justiça Eleitoral, o mandato dos cargos majoritários — como prefeitos, vice-prefeitos, governadores, presidentes e senadores — é pessoal, ou seja, pertence ao eleito, e não ao partido. Isso significa que o prefeito pode trocar de partido a qualquer momento, inclusive logo após vencer a eleição, sem perder o mandato. Já a regra da fidelidade partidária, que pode levar à perda do cargo, vale apenas para cargos proporcionais — como vereadores e deputados — porque, nesses casos, a vaga pertence ao partido, e não ao indivíduo. Assim, o povo precisa compreender que o prefeito é “dono” do próprio mandato. Ele usa o partido como plataforma para se eleger, e depois, muitas vezes, o abandona. Portanto, a culpa não está necessariamente nos partidos, mas nas pessoas que os representam e nas escolhas que o eleitor faz.

Voltando à nossa cidade, é inegável que alguns prefeitos deixaram marcas positivas: obras públicas, limpeza urbana, reformas, ou pequenas melhorias que trouxeram dignidade a certas áreas. Porém, outros nada fizeram — ou pior, causaram retrocessos. Um exemplo é a destruição das árvores das ruas e praças. Em vez de preservar ou replantar, preferiram cortar e queimar em olarias, ignorando completamente a importância ambiental dessas árvores. Se ao menos tivessem o cuidado de analisar o estado das árvores, poderiam substituir as doentes e manter o equilíbrio ecológico. Mas não: o que prevaleceu foi o descuido e o improviso. A cidade perde beleza, sombra e qualidade do ar — e o povo perde o direito a um ambiente saudável.

Essas atitudes refletem uma forma de governar baseada na pressa e na falta de planejamento. Muitos projetos são iniciados sem estudo técnico, sem análise de impacto, sem considerar o custo-benefício. Destrói-se algo antes mesmo de pensar no que será colocado no lugar. Resultado: desperdício de dinheiro público e obras que não resolvem o problema nem no presente, nem no futuro. O correto seria realizar diagnósticos sérios, consultas públicas e análises ambientais e urbanísticas antes de mexer no que existe. Assim se evita o desperdício e se constrói com responsabilidade.

Cabe ao cidadão compreender que a responsabilidade de mudar essa realidade é coletiva. É dever do povo acompanhar de perto as ações da administração pública, fiscalizar gastos e exigir transparência. Cada cidadão pode e deve observar o que acontece em seu bairro, cobrar explicações, participar de audiências públicas, acompanhar portais da transparência e denunciar irregularidades quando necessário. O poder público só funciona plenamente quando o povo deixa de ser passivo e se torna vigilante.

A Justiça Eleitoral, em várias decisões, reforça que a infidelidade partidária não afeta o mandato de cargos majoritários, justamente porque o voto é dado à pessoa e não ao partido. No entanto, essa autonomia traz uma responsabilidade maior: o prefeito que se elege com o apoio de uma sigla, de uma bandeira e de um discurso, deve honrar a confiança depositada pelo povo — e não a usar apenas como degrau para benefícios pessoais. É essa falta de compromisso ético que corrói a política municipal.

Infelizmente, ainda vemos atitudes administrativas pautadas pela vaidade, pela pressa e pela troca de favores. E o mais grave: destrói-se o que foi feito antes apenas para “mostrar serviço” e serviço ruim. Sem um estudo profundo, sem um planejamento sério, sem visão de longo prazo, as gestões passam, os erros se repetem, e o progresso se atrasa. Um livro de mil páginas seria pouco para relatar tudo que já foi feito errado em nome da vaidade política.

Por tudo isso, o cidadão precisa aprender a votar com consciência e acompanhar quem elege. Fiscalizar é um ato de amor à cidade. O poder pertence ao povo, e não aos políticos. E enquanto o povo não compreender isso, continuará sendo usado como escada para os interesses de quem só pensa em si mesmo. É preciso romper esse ciclo — exigindo seriedade, planejamento e respeito por aquilo que é público. Afinal, governar é servir, não se servir.

Um exemplo aparentemente simples, mas que revela um erro grave e absurdo, foi o entupimento de córregos com tubos de latão. Essa solução, além de tecnicamente equivocada, mostrou-se totalmente ineficiente com o passar do tempo. O latão, por ser um metal sujeito à corrosão, apodrece tanto por cima quanto por baixo, causando infiltrações e desmoronamentos. O resultado é previsível: com o tempo, o solo cede, o leito do córrego se deforma e os alagamentos aumentam. A solução correta seria reabrir os córregos, devolvendo-lhes o curso natural, como era no passado. As chuvas — cada vez mais intensas e imprevisíveis — precisam de espaço para escoar. Canalizar com materiais frágeis e de baixa durabilidade é apenas adiar um problema que cresce a cada ano. Em vez de “tampar a ferida”, seria melhor permitir que a natureza trabalhasse como sempre fez, com canais abertos, vegetação nas margens e drenagem adequada.

Outro equívoco recorrente é a falta de planejamento no trânsito urbano. A cidade continua com as mesmas ruas estreitas e mal dimensionadas desde sua criação, mas o número de veículos multiplicou-se. O resultado é um trânsito caótico. Não existe milagre para resolver isso, apenas organização e disciplina. Uma das saídas mais práticas seria implantar mão única em ruas de maior movimento, controlar rigorosamente a velocidade e reforçar a sinalização com faixas, placas, semáforos e lombadas. Além disso, o uso de placas de “PARE” e outra em praticamente todas as esquinas aumentaria a segurança e reduziria acidentes. Quem não quiser respeitar regras e limites de velocidade, que deixe seu automóvel na garagem. O trânsito melhora com responsabilidade coletiva, e não com a ilusão de que basta “abrir mais ruas” ou “construir mais estacionamentos”. O problema é cultural: todos querem ter seu carro e circular ao mesmo tempo, sem pensar nas consequências.

Mais grave ainda é a obsessão pelo “progresso” a qualquer custo, que leva muitos gestores a destruir o que tem valor histórico, cultural e ambiental. É um erro inaceitável demolir estruturas centenárias — como praças, jardins ou casarões,— para dar lugar a vagas de estacionamento. Isso não é progresso, é retrocesso disfarçado de modernização. Antes de destruir, é preciso analisar profundamente o impacto da intervenção e buscar alternativas inteligentes para resolver o problema sem apagar a história da cidade.

Em grande parte, o caos urbano não é causado pelos visitantes ou turistas, mas pelos próprios moradores — especialmente profissionais como comerciantes, médicos, advogados e funcionários de escritórios — que chegam pela manhã, estacionam seus carros e os deixam ali o dia inteiro. Muitos desses trabalhadores moram a menos de 200 metros do local de trabalho, mas insistem em ir de carro, ocupando vagas que poderiam servir para quem realmente precisa, como pessoas de outras cidades ou clientes de passagem.

Uma das soluções mais inteligentes e sustentáveis para reduzir o caos é o fortalecimento do transporte coletivo, especialmente o sistema de ônibus municipais. Em vez de incentivar o uso individual do automóvel, que ocupa muito espaço e transporta poucas pessoas, as cidades deveriam investir em transporte público de qualidade, eficiente e acessível.

O problema é que, na maioria das cidades pequenas e médias, o transporte coletivo é visto como um “mal necessário”, e não como parte da solução. Uma gestão responsável deveria encarar o transporte coletivo como prioridade. Um bom sistema de ônibus pode tirar centenas de carros das ruas diariamente. Para isso, é preciso um conjunto de medidas práticas.

Esses hábitos individuais de cada um geram impactos coletivos: aumentam o congestionamento, dificultam o estacionamento e poluem o ambiente. Bastaria que cada um refletisse um pouco e deixasse o carro em casa quando possível. Caminhar curtas distâncias traria benefícios à saúde, ao trânsito e ao clima. Mas, infelizmente, prevalece a vaidade — a necessidade de “mostrar o possante” — e a cidade paga o preço disso.

Existem soluções simples e eficazes para essa questão. Uma delas seria a implantação de áreas de estacionamento rotativo, como a “zona azul”, onde o motorista paga pelo tempo de uso da vaga. Isso inibiria o uso prolongado e obrigaria os ocupantes fixos a repensarem seus hábitos. Outra alternativa seria criar estacionamentos mensais pagos, próximos às áreas comerciais, para profissionais que realmente precisam deixar o carro por mais tempo. Com essas medidas, haveria melhor aproveitamento dos espaços e, ao mesmo tempo, menos destruição. De nada adianta derrubar praças e árvores para criar novas vagas, pois o ganho seria mínimo — talvez 50% de aumento — e ainda assim às custas da perda do verde, da história e da qualidade de vida.

Pesquisas urbanas mostram que cerca de 70% dos motoristas que circulam diariamente pelas cidades moram a menos de um quilômetro do trabalho. Isso significa que boa parte dos congestionamentos e da falta de vagas é causada pelo uso desnecessário do automóvel. Se esses cidadãos deixassem seus veículos em casa, estariam fazendo um bem duplo: ao próximo, que precisa estacionar; e a si mesmos, pela atividade física e o bem-estar que a caminhada proporciona.

Como disse antes, eu poderia escrever um livro inteiro relatando tantos absurdos cometidos em nome do progresso. Falta sensatez, planejamento e amor pela cidade. Tudo isso que comento aqui é, ao mesmo tempo, crítica, sugestão e alerta. Governar exige equilíbrio entre crescimento e preservação — entre o moderno e o histórico, entre o concreto e o humano. Infelizmente, muitos dos que tomam decisões públicas destroem com as próprias mãos o que a humanidade construiu com esforço e tempo — e ainda acreditam que estão fazendo o bem. Isso é a verdadeira hipocrisia.

O verdadeiro progresso não se mede por quantas árvores foram cortadas, quantas praças foram cimentadas ou quantos carros cabem no centro da cidade. Mede-se pela qualidade de vida, pela beleza preservada e pela harmonia entre pessoas e natureza. Enquanto o ser humano não entender isso, continuará cavando o próprio buraco — debaixo do pretexto de estar “evoluindo”.

Para encerrar está reflexão, deixo uma orientação que serve como convite à consciência coletiva: a cidade é o espelho fiel de seus habitantes. Nenhum prefeito, governador ou administrador é capaz de transformar uma cidade sozinho, porque o verdadeiro progresso começa na base — na conduta de cada cidadão. De nada adianta exigir honestidade, se o próprio povo se cala diante do errado. De nada adianta cobrar limpeza, se continuamos jogando lixo nas ruas. E tampouco adianta pedir trânsito organizado, se cada um quer ter o privilégio de dirigir sem respeitar regras, sem paciência, sem gentileza.

Cada cidadão é uma peça essencial do todo urbano. O trânsito, as praças, os córregos, as árvores, — tudo isso forma um organismo vivo que precisa de cuidado e respeito. Quando cortamos uma árvore à toa, quando entupimos um córrego, quando destruímos um patrimônio histórico, não estamos apenas alterando o espaço físico, estamos ferindo a própria identidade da cidade. E quando o morador aceita calado, contribui com o mesmo erro.

O progresso verdadeiro não nasce do cimento nem do asfalto. Ele floresce da consciência, da educação, da empatia e da responsabilidade. A cidade precisa de líderes que planejem com sabedoria, mas também de cidadãos que participem, fiscalizem e colaborem, principalmente os vereadores, que também não agem em nada. É preciso aprender a votar com razão e não por emoção, a acompanhar as obras e gastos públicos, e a entender que cobrar é um dever, não um favor.

Se quisermos um futuro melhor, devemos substituir a pressa pela reflexão, o descuido pela prevenção e a indiferença pelo envolvimento. Deixar o carro em casa quando possível, andar a pé, usar o transporte público, preservar o verde, respeitar a história e valorizar o que já existe são atitudes simples, mas poderosas.

Uma cidade só evolui quando seu povo amadurece. E amadurecer significa compreender que progresso não é barulho, destruição e vaidade — é equilíbrio, respeito e convivência harmoniosa. Quando cada um fizer a sua parte, as ruas serão mais humanas, os rios voltarão a respirar, e o espaço urbano deixará de ser um campo de disputa para se tornar um lugar de convivência, orgulho e esperança.

Porque, no fim das contas, o futuro da cidade não está nas mãos de quem governa, mas no coração de quem nela vive.

 

 

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Abram os olhos

Eles pensam que somos tolos. Mas, na verdade, tolos são eles, que acreditam que podem manipular a opinião pública, jogar com os mais radicais e conduzir o país como se fosse um tabuleiro de interesses particulares. Usam estratégias baixas, criam polêmicas artificiais, tentam reescrever os acontecimentos e, ainda por cima, se fazem de salvadores de uma situação que eles mesmos ajudaram a criar.

Se não tivesse existido o dia 8 de janeiro de 2023, nada disso estaria em pauta. Foi um acontecimento programado, ensaiado nos bastidores, e que hoje serve de arma política para justificar absurdos. E, como se não bastasse, ainda conseguiram plantar na mente dos mais fracos a ilusão de que um golpe resolveria os problemas do país. Que contradição!

Agora inventam a tal “anistia”. Querem anistiar não apenas os que foram presos, mas também os que organizaram e financiaram tudo. Isso não é justiça — é farsa! Querem limpar a barra de criminosos políticos com a mesma caneta que condena o povo a trabalhar sem retorno, a pagar caro por tudo, e a acreditar que há honestidade onde só existe esperteza.

Para reforçar a enganação, criaram o famigerado “PL da dosimetria”, um projeto cheio de desculpas esfarrapadas para aliviar a barra de quem não deveria sequer estar em liberdade. E ainda têm coragem de posar de defensores da democracia! Não passam de animais travestidos de políticos.

Um deles, covarde, fugiu para outro país, e de lá continua articulando contra o povo que ousou chamar de seu. A outra, com anos de prisão a cumprir, posa de vítima e finge inocência, tentando se colocar como mártir de uma causa inexistente. Para completar o teatro, votaram uma PEC da Blindagem, claramente feita para salvar a si mesmos e seus comparsas. Tentaram dar um golpe branco com a caneta, mas acabaram tropeçando na própria trama.

E para distrair a população, votaram o projeto de isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil. Projeto este do governo Federal. Um projeto super importante, é verdade, mas eles usam de forma cínica, como moeda de troca para apagar da memória popular as manobras vergonhosas que vinham tramando. Querem comprar o esquecimento do povo.

E como se não fosse o bastante, surge um senador do nada dizendo que esse projeto estava engavetado desde 2019. Pois eu pergunto: se estava lá desde então, por que não votaram antes? Por que só agora, em meio às crises, resolveram tirá-lo da gaveta? É evidente: querem manipular a opinião pública, posar de heróis e, mais uma vez, nos fazer de bobos. Os governistas tem que bater de pau  nessa raça maluca.

O resultado da PEC da Blindagem, aprovada por 344 votos a favor e  contra 133, é um retrato do sistema apodrecido que governa o país. Mas não pensem que será sempre assim. O ano de 2026 se aproxima, e muitos desses que hoje não se esconderam atrás da blindagem serão testados novamente pelo voto. Muitos ainda tentarão se perpetuar, mas serão jogados na arena dos leões, onde os leões decidiram  se merecem ou não sobreviver politicamente.

Precisamos de gente nova, de rostos diferentes, de lideranças que não carreguem consigo o ranço dessa velha política. Essa praga que se instalou no poder não tem vacina; a única cura é mandá-los de volta para casa, para nunca mais ditarem o rumo de nossas vidas.

Que ninguém se engane: eles falam bonito nas câmeras de TV, posam de defensores do povo, mas por trás das cortinas jogam sujo, tramam sua sobrevivência política e conspiram contra a democracia. É hora de abrir os olhos, de perceber que as peças

estão sendo movimentadas, não para proteger o povo, mas para proteger a eles mesmos.

Não seremos massa de manobra. Não seremos enganados mais uma vez. A história está diante de nós, e se não tivermos coragem de mudar, eles continuarão ditando as regras, fingindo inocência, enquanto riem da nossa cara.

Abram os olhos! O futuro do Brasil não pode continuar refém de quem só sabe viver da mentira.