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quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Quem São os Verdadeiros Responsáveis? Uma Reflexão Sobre o Voto, a Política e o Povo Brasileiro.

 

Quem São os Verdadeiros Responsáveis? Uma Reflexão Sobre o Voto, a Política e o Povo Brasileiro.

Desde 1967 venho observando e analisando o acontecimento em nosso Brasil — ou melhor, na política brasileira. E, ao longo de todos esses anos, cheguei a uma conclusão que pode parecer estranha, mas que faz sentido quando olhamos com atenção: no universo da política, não existem “bandidos”. Explico: quem trafica não é chamado de traficante, quem rouba não é considerado ladrão, quem mata não é visto como assassino, e até mesmo quem corrompe não é rotulado de corrupto. Enfim, parece que tudo de ruim que testemunhamos simplesmente não existe oficialmente.

Mas, se não existe, como se explica o caos em que vivemos? A resposta, na minha visão, está menos nos políticos e mais em quem os coloca no poder: nós, os eleitores.

Segundo estimativas recentes, a população do Brasil já ultrapassa 212 milhões de habitantes, sendo cerca de 158 milhões de eleitoras e eleitores. Eu me incluo nesse grupo. Isso significa que temos em nossas mãos uma força gigantesca para transformar o país. Afinal, a cada dois anos temos a chance de mudar os rumos do Brasil, trocando quem está no comando, corrigindo erros do passado e dando oportunidades a pessoas que possam, de fato, trabalhar pelo bem comum.

No entanto, o que realmente acontece é bem diferente. A cada eleição, repetimos os mesmos erros: ou votamos nos mesmos políticos que já conhecemos e que nada fizeram para merecer nova confiança, ou escolhemos candidatos sem biografia sólida, sem preparo, sem compromisso verdadeiro com a sociedade. E o resultado é sempre o mesmo: a esperança se renova por um instante e logo se perde, porque nada muda.

É preciso dizer com clareza: o eleitor que não pesquisa, que não busca informações, que não avalia a vida pregressa do candidato, torna-se cúmplice de tudo o que há de errado na política. Se um candidato tem, de dez opiniões, três ou quatro pessoas dizendo mal dele, por que insistir em votar nesse nome? Não seria melhor deixá-lo de lado ainda na campanha do que depois se juntar à multidão que se arrepende?

E não faltam exemplos recentes para provar isso. Basta ver o que aconteceu na Câmara dos Deputados: foi aprovada, em dois turnos, a chamada PEC da Blindagem, que aumenta a proteção judicial para deputados e senadores, dificultando medidas cautelares, processos e até reforçando o foro privilegiado. No primeiro turno, foram 353 votos a favor e 134 contra; no segundo, 344 a favor e 133 contra. Partidos de direita, esquerda e centro se uniram para defender seus próprios interesses.

Outro caso pode ser a votação da anistia aos envolvidos do golpe e nos crimes de 8 de janeiro de 2023, quando prédios dos Três Poderes foram invadidos e depredados em Brasília. A anistia, que perdoa crimes cometidos contra a própria Constituição, também aparece com forte apoio de deputados. Ora, se até quem atenta contra a democracia recebe perdão dos políticos, o que esperar?

Esses exemplos mostram que, quando se trata de proteger a si mesmos ou aos seus aliados, os parlamentares deixam de lado diferenças ideológicas e se unem. E quem colocou cada um deles lá? Nós, os eleitores, somos os culpados.

A mudança deve começar de baixo para cima. Precisamos olhar com seriedade para a eleição de vereadores e prefeitos, porque é nesse nível que os primeiros erros se repetem. Depois, para deputados estaduais, federais, senadores, governadores e presidente. Se não exigirmos honestidade e preparo já nos primeiros degraus da política, como esperar que algo de bom venha das instâncias mais altas do poder?

O que me entristece é ver que muitos eleitores continuam trocando seu voto por favores pequenos e passageiros: uma festa, um show, uma conta de energia/água paga, um botijão de gás, uma compra no mercado ou até mesmo uma simples cachaça. Será que esse tipo de troca vale mais que quatro anos de futuro para toda a coletividade? Quem age assim não está apenas enganando a si mesmo, mas também colaborando para manter um sistema podre que beneficia poucos e prejudica milhões.

Portanto, pergunto: quem são os verdadeiros “bandoleiros”? São apenas os políticos que elegemos ou somos nós, os eleitores, que votamos sem consciência e perpetuamos os mesmos erros? Reflita!

Ninguém tem direito de reclamar de nada se não assumir o próprio papel nesse processo. Nem você da direita, nem você da esquerda, nem você do centro — todos são culpados com seu do voto. E se o povo não mudar a forma de escolher, nada mudará. O eleitor precisa deixar de agir como cúmplice, como quadrilheiro, e passar a ser agente de transformação.

Eu, pessoalmente, sou eleitor desde os meus dezoito anos. Já participei de muitas eleições e, confesso, nunca consegui ver o candidato em quem depositei meu voto chegar ao poder. Talvez seja azar meu, talvez seja reflexo de um país que ainda não aprendeu a votar. Mas sigo acreditando que, um dia, se cada eleitor fizer sua parte, deixar de ser bandoleiro, poderemos ver nascer um Brasil diferente, mais justo e honesto.

Enquanto isso não acontecer, continuaremos repetindo a mesma história: reclamar de tudo, mas insistir nos mesmos erros.

 


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