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quinta-feira, 11 de setembro de 2025

O Amor por Principio

     

    Na natureza, quase todos os grupos de animais possuem líderes. Um cardume de peixes se move em perfeita sincronia, mas há sempre um que inicia o movimento. Uma manada segue o animal mais forte ou mais experiente. Um enxame de abelhas depende da rainha para existir. Uma alcateia de lobos só sobrevive porque o lobo-alfa conduz os demais. O rebanho precisa do pastor, a boiada obedece ao boi de guia, uma cáfila de camelos segue o mais adestrado, e até uma matilha de cães só funciona quando há liderança. Em bando, em tropa, em revoada, em colmeia, em panapaná de borboletas: todos, de alguma forma, necessitam de alguém ou algo que os direcione.

Com os seres humanos não é diferente. A liderança é um elemento indispensável em qualquer contexto social. Em casa, há a figura dos pais ou responsáveis. Na escola, o professor é quem guia. No trabalho, o chefe ou coordenador organiza a equipe. Na saúde, médicos e gestores definem protocolos. Até mesmo em grupos marginais, como salteadores, existe sempre um chefe que comanda. Na política, na religião, no futebol, nos movimentos sociais ou mesmo entre moradores de rua, invariavelmente surge alguém que exerce a função de liderança.

Diante disso, é inconcebível pensar que determinados acontecimentos de grande impacto possam ter ocorrido sem líderes. Tomemos como exemplo os episódios que culminaram no 8 de janeiro de 2023, data marcada por destruição e caos em Brasília. Alguns querem fazer crer que tudo aquilo foi fruto de uma multidão sem comando, que agiu de forma espontânea, sem qualquer direção. Mas como acreditar nisso? Quem levou milhares de pessoas até as portas dos quartéis? Quem organizou caravanas e fretou ônibus para transportar manifestantes de todo o país? Quem espalhou notícias falsas e incentivou o ódio nas redes sociais por meses a fio? É ingenuidade — ou má-fé — afirmar que não havia liderança alguma.

Tudo isso não foi obra de um desocupado de comando, mas sim resultado de direcionamentos bem claros. O auge dessa manipulação coletiva ocorreu no 8 de janeiro, quando parte da multidão, tomada pela ilusão e pelo fanatismo, invadiu e destruiu as sedes dos três Poderes da República. Muito antes disso, os loucos já haviam demonstrado o atrevimento de cantar o Hino Nacional diante de pneus — uma cena grotesca que simboliza o absurdo a que pode chegar uma massa conduzida de forma irresponsável.

No entanto, surpreendentemente, surge agora a decisão de absolver um líder de todas as cinco acusações apresentadas pela Procuradoria-Geral da República, sob o argumento de que não houve participação efetiva ou comando direto. Como compreender tal postura? Teria sido medo? Pressão? Falta de compromisso com a democracia? Afinal, um julgador, sustentado pelo salário pago pelo povo brasileiro, deveria ter como prioridade a defesa da justiça e do interesse coletivo, e não a preservação de privilégios ou conveniências.

Aquele que não dá exemplo de bom procedimento, que relativiza a destruição e a violência, não está moralmente apto a ocupar a posição de julgador. Mais do que uma decisão jurídica, o que está em jogo é a confiança da sociedade em suas instituições. O Brasil precisa de líderes que defendam a democracia, que deem exemplo de responsabilidade e que assumam, sem medo, o papel de guiar o povo rumo ao respeito às leis e à ordem. Fechar os olhos diante do que ocorreu no 8 de janeiro de 2023 não é apenas um erro jurídico; é um atentado contra a memória coletiva e contra o futuro democrático da nação.

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