Nossa
caça.
O pensamento faz a gente voltar ao passado e trás tudo átona como se
estivesse vivendo naquele momento o passado, me recordo de uma passagem que
tive.
Gostávamos de caçar pacas, tatus, veados
e alguns outros bichos, desde que desce carne, não por que precisava de carne,
a gente caçava por achar bom, aquilo era uma diversão para nós, quando mos
estavas caçando não tinha coisa melhor, ainda mais quando íamos caçar tatus.
A caça de tatus é muito divertida além de
ser à noite, tem que entrar mato a dentro descer ladeiras, subir barrancos,
sair rasgando com o peito todo tipo de cipós, enfrentando unha gato, ferindo
braços, pernas até mesmo o rosto, mas não tinha coisa melhor do que estar
dentro do mato e com uns cachorros bons e de bom faro.
Os cachorros sendo bons não tinham perda
da caçada.
Entravamos no mato e logo os cachorros
acuavam dando sinais de que o tatu estava sendo perseguido.
Já partíamos em rumo do acuado, levando
tudo que encontrava pela frente.
Era muito gostoso, às vezes até apagava a
Maria fumaça que sempre aquele que estava à frente ia levando.
A caçada é uma loucura para quem gosta.
É trabalhosa, pois tem que levar enxadão,
pá vanga, foice, facão, fisga e outros apetrechos, mas toda vez que nós saíamos
para caçar fosse o que fosse nós, trazía-mos a caça.
A cerca de arame farpado que tinha em
frente de casa era cheia de casco de tatus e outros couros e peles de bichos
não só a minha como a dos meus companheiros, aquilo é que era vida, uma vida
que se foi com o passar do tempo não restando muita coisa de agora em diante
para viver.
Tiveram outros que pararam de caçar,
antes de nós e não foi por causa de leis que os homens fizeram proibindo a caça.
Uma coisa ao ser proibida para que se dê
certo e tem um respeito por aquilo, qualquer que seja, têm que ser fiscalizada
ontem, hoje e sempre e não só nos dias que as criou as leis.
Mas para caçar tem de ter saúde e acima
de tudo muita massa corporal para enfrentar uma caça.
Tem que ter nervo forte e pernas boas, por
que a caçada é feita para homens fortes.
Por isso foram parando de caçar.
Agora eu e meus companheiros paramos de
caçar não foi nem por nenhuma lei e nem por idade e cansaço, mas por que
tivemos uma experiência terrível em uma caçada.
Saímos para caçar tatus em um sábado ali
pelas nove da noite.
Uma lua cheia que dava gosto de ver a lua
céu, com seu brilho.
Soltamos os cachorros, em uma entrada do
mato, e entramos por ele adentro.
Depois de uns quinhentos metros paramos
perto a um pé de limão-china e ficamos esperando até o acuado dos cachorros.
Ficamos ali durante uma meia hora e nada
dos cachorros darem sinal de vida.
Um dos companheiros até disse que os
cachorros tinham ido embora.
Então andamos mais um pouco para frente,
caçada tem disso nem sempre os cachorros percorrem perto de onde se soltam,
eles vão sempre mais longe à busca da caça, paramos novamente em um lugar limpo
dentro da mata a espera do acuado dos cachorros.
Isso já tinha passado mais de duas horas
e nada dos cachorros aparecer ou acuar, o que nos restava era ir embora, o
outro companheiro disse como pode ser isso nunca largaram nós em um mato está
meio esquisito.
Pegamos o rumo de volta para casa, um dos
companheiros disse se eu pegar, Bagé eu acabo com ele, Bagé era o nome do
cachorro dele, que por sinal era um dos melhores cachorros de caça.
Andamos um pouco de volta quando
escutamos muito longe o acuado dos cachorros, estava muito longe.
Muito mais longe de onde nos tínhamos
parado pela ultima vez, voltamos e seguimos os sons dos acuados, parece que
quanto mais andávamos mais longe ia ficando o acuado dos cachorros. Continuamos
descendo e subindo dento do mato arrastando tudo no peito.
Chegamos à beira de um barranco depois de
muito correr pelo mato, ali encontramos com um córrego, o qual tinha que
atravessar por ele para chegar até os latidos dos cachorros, pois ele não mais
acuava e sim latia muito forte e bravo como se tivesse vendo algo de perto, uma
vaca talvez.
Meus companheiros até me falaram que as
levamos ferro, estes bestas encontraram alguma criação e esta latindo com ela.
Não é criação eu até comentei senão, eles
não teriam acuado primeiro, vamos até lá.
Descemos o barranco atravessamos o
córrego até um caiu na água e mesmo assim subimos atravessando do outro lado e
fomos até onde os cachorros estavam.
A lua cheia clareava como se fosse dia,
chegamos onde os cachorros estavam perto de um coqueiro e ali estava o buraco
do tatu.
Os cachorros estavam latindo sem parar e
nervosos até estranhou um pouco quando chegamos bem perto.
Um até comentou vai ver que é cobra.
Não era! Coloquei a cabeça perto do
buraco que tinha terra fresca na entrada para escutar o barulho.
Disse é mesmo tatu.
Vamos cavucar.
O bicho está próximo.
Enchadãozadas e mais enchadãozadas, uma
atrás da outra e retira terra e mais terra nada de alcançar o tatu, continua
cavucando e retirando terra e mais terra, até que a valeta já tinha uns seis
metros de comprimento e nada de alcançar o danado.
Para abrir aquela valeta até raízes
grossas tivemos que cortar, cansava um, começava o outro cavucar.
A peleja ia ficando cada vez mais dura e
difícil de alcançar o bicho.
Os cachorros entravam e saiam do buraco,
nervosos e como se estivessem vendo bem pertinho o tatu.
E o Bagé até entrava dentro do buraco ele
era bem pequeno e cabia.
Nossa meta agora era alcançar o bicho e
arrancá-lo daquele buraco, eu ainda até comentei!
Vamos largar disso!
Mas os companheiros insistiram.
E coloquei novamente o ouvido para ouvir
o barulho do danado, está perto; escavacamos mais e mais, todos suados e
cansados, já para desistir com a caçada, quando vimos o rabo do bicho.
E toma enchadãozadas e nada de alcançar,
até que paramos um pouco e uma voz disse: Nunca me pegaram, e aquela voz fez
pararmos saindo dali rapidamente.
Foi assim que nos paramos de caçar.
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