Meu amigo cigarro.
Como eu adoro fumar, o cigarro para
mim é como que se fosse um calmante.
Se eu estou triste logo
acendo um e me esqueço que estava jururu.
Como também se eu estiver
totalmente alegre, acendo o meu amigo de morte rápida e com isso ainda mais
contente fico.
O companheiro amigo cigarro é de fato um sedativo para satisfazer tanto do lado
da ansiedade como da exultação de estar somente com ele na boca e sentindo o
gosto um pouco abrasado e fedido.
O companheiro de tantos
anos pode não ser de cheiro agradável, mas está sempre prontinho para deixar-me
esvaziado dos loucos pensamentos quando os tenho.
Companheiro desde quando eu tinha meus sete anos de idade, me lembro que o
peguei pela primeira vez em minha vida em uma noite de muito calor e de muito
pernilongo enchendo o saquinho.
E desde então jamais
deixei o meu companheiro e isso foi por volta do ano de mil novecentos e trinta
e seis, e de lá para cá ele foi sempre presente em minha vida.
Passamos por muitas
coisas horríveis, mas sempre um ao lado do outro, como também quando ia à
escola na entrada acendia um e enquanto não terminava não adentrava para sala,
ficava doido para chegar o recreio só assim eu teria uns minutinhos para
saciar-me com meu colega de sempre.
Ainda pensava companheiro
é companheiro tendo ele e o fogo no bolso nunca falha uma dor de cabeça ou
mesmo um começo de febre ele derruba por terra.
Sempre está pronto para
não deixar-nos sair do corpo esbelto, pois ele é redutor da gula, então é ou
não um companheiro.
Lembro-me quando comprei meu primeiro carrinho um fusquinha, meia sete e como
fui feliz naquele tempo, pois eu e o companheiro cigarro estávamos em muitas
noitadas de alegrias.
Ainda sinto o cheiro do assento queimando de vez em quando caia uma faísca do
meu companheirinho e com isso o banco do fusca ficou cheio de buraquinhos e
quantas calças eu também queimei com o bater das cinzas.
Mas essas coisinhas nem era significantes, pois o meu cúmplice sempre aliviava
tudo na hora certa, quantas cervejas eu tomei com meu amigo na ponta dos dedos,
e como também servi tantos com meu inseparável companheiro.
Às vezes eu ia passando perto de algum desprotegido pela vida e este me pedia
um cigarro, eu nunca dizia não, lembro-me de uma ocasião que ia atravessando
uma avenida de uma cidade grande quando um desses pediu-me uma ponteira, como
chamou meu companheiro cigarro.
Como eu nunca dizia não,
ao tirá-lo do bolso fui atingindo por um chute de pé bem no saco e caindo, o
desprovido levou todo meu dinheiro e os documentos.
Mas assim é a vida, um dia toma outro perde isso não importa o mais importante
é estar vivo, vivendo dentro do viver e seja ele qualquer modo de vida.
Passou então mais de sessenta anos de convivência com meu inseparável
companheiro cigarro, mas há pouco tempo recebi de meu filho um carro um pouco
mais novo para dar-me as voltinhas pela vila, como de costume.
Só que o tempo faz com que perdemos agilidade de locomover rápido, e não
percebendo que o vidro da porta do automóvel estava fechado joguei o bira do
cigarro e ele voltou no meu colo e começou queimar-me.
Não sei direito o que houve, agora tento alcançar meu companheiro de mais de
sessenta anos e não estou conseguindo.
Vejo que ele está bem
próximo a mim, como sempre no bolso da camisa junto com o fósforo, mas não sei
por que meus dedos não alcançam o maço e eu estou impaciente quero tirar uns
tragos para ver se consigo dormir estou tão cansado.
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