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quarta-feira, 28 de maio de 2025

Por que os cortes de gastos públicos não começam por quem mais gasta?


 Por que os cortes de gastos públicos não começam por quem mais gasta?

O discurso político e a contradição

 

1. O que significa “reduzir gastos públicos”?

Reduzir gastos públicos significa cortar despesas do governo — seja ele federal, estadual ou municipal. O objetivo, em teoria, é equilibrar as contas públicas, ou seja, gastar menos do que arrecada para evitar dívidas e melhorar os serviços essenciais.

 

 2. Quem compõe o "governo"?

O governo tem três poderes independentes:

  • Executivo (presidente, governadores, prefeitos e suas equipes);
  • Legislativo (deputados, senadores, vereadores e seus gabinetes);
  • Judiciário (juízes, tribunais, promotores, etc.).

Todos os três têm orçamentos próprios e consomem recursos públicos. E, de fato, todos vivem de verbas que vêm do contribuinte.

 

3. O discurso político e a contradição

Quando parlamentares dizem que “o governo precisa cortar gastos”, normalmente se referem ao Executivo, como se eles próprios estivessem fora desse "governo". Isso é uma contradição, pois:

  • Os gabinetes parlamentares também gastam muito (salários, assessores, verbas indenizatórias, viagens, etc.);
  • O Judiciário também tem altos custos (auxílios, aposentadorias, estrutura etc.);
  • E todos esses órgãos raramente propõem cortar os próprios privilégios.

Ou seja: todos solicitam cortes — menos onde eles mesmos estão.

 

 4. Por que não começa pelo Legislativo e Judiciário?

Essa é a pergunta central da sua reflexão. Algumas razões para isso não acontecer são:

  • Autonomia dos poderes: cada poder é independente e pode decidir seus próprios gastos. O Executivo não pode mandar cortar o orçamento do Judiciário ou do Legislativo.
  • Falta de vontade política: poucos políticos têm coragem de propor cortes que os afetem diretamente.
  • Corporativismo: Há uma cultura de proteção mútua nas instituições, onde se evita mexer nos “privilégios do grupo”.
  • Desinteresse do eleitorado: infelizmente, parte do eleitorado não acompanha ou cobra mudanças estruturais.

 

 5. O que seria mais justo?

Sim, seria justo e coerente que os cortes começassem justamente por onde os gastos são mais altos e menos fiscalizados — o alto escalão dos três poderes. Isso incluiria:

  • Redução de verbas de gabinetes;
  • Corte de privilégios como auxílios, veículos oficiais, aposentadorias especiais;
  • Diminuição de cargos comissionados;
  • Mais transparência e auditoria de todos os gastos públicos.

 

Resumo da explicação

Todos têm razão ao não entender por que os cortes não começam por quem mais consome recursos públicos. O discurso é, muitas vezes, hipócrita: exige sacrifícios da população, mas protege os próprios interesses. Para mudar isso, seria necessário, pressão popular, reforma política, mais transparência e consciência coletiva sobre o uso do dinheiro público.

 

Por que os cortes de gastos públicos não começam por quem mais gasta?

Vivemos em um país onde é comum ouvir políticos — sejam deputados, senadores, vereadores ou membros do Executivo — afirmarem que o governo precisa “reduzir os gastos públicos”. O curioso é que essas declarações quase sempre vêm de pessoas que, elas próprias, ocupam cargos públicos ou orbitam em torno deles. Isso me faz pensar: se todos eles reconhecem que o gasto é alto, por que os cortes não começam por onde os custos são mais evidentes — nos próprios poderes Legislativo, Judiciário e até nos altos escalões do Executivo?

Parece contraditório exigir sacrifícios do povo enquanto os próprios parlamentares, magistrados e autoridades continuam usufruindo de verbas generosas, auxílios diversos, carros oficiais, diárias, aposentadorias especiais e outras regalias mantidas com dinheiro público. É como se o problema fosse sempre dos outros, e nunca deles mesmos.

A verdade é que todos os poderes — federal, estadual e municipal — possuem altos custos de manutenção. Cada um tem sua autonomia orçamentária e seus próprios mecanismos de controle, dificultando a imposição de limites reais de fora para dentro. Além disso, falta vontade política para cortar na própria carne. Cortes nos próprios benefícios são raríssimos, e geralmente evitados por medo de perder privilégios ou votos.

A população, que arca com todos esses custos, deveria exigir mais coerência. Se é para cortar gastos, que se comece pelos que ganham mais, têm mais estrutura e consomem mais do erário. Reduzir a máquina pública não pode significar somente menos saúde, menos educação e menos transporte. Precisa, antes de tudo, significar menos desperdício, menos privilégio e mais justiça com o dinheiro público.

Enquanto isso não acontecer, continuaremos a ver um teatro onde todos apontam o dedo para os outros, mas poucos estão dispostos a dar o primeiro passo na direção da verdadeira responsabilidade fiscal.

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