Causas
Não se trata de pessimismo ou de simples cara amarrada. A
depressão envolve alterações químicas no cérebro. É certo também que esse
desarranjo tem fatores genéticos.
Há quem diga que os genes são de longe os fatores de risco
mais importante. Na massa cinzenta do deprimido as moléculas responsáveis pelo
bem-estar estão em constante baixa - ao contrário das demais pessoas, que
enfrentam essa baixa por algum motivo específico e a tristeza somem em poucas
semanas.
Outros fatores podem empurrar quem tem essa tendência ao
fundo do poço: certos remédios, drogas, doenças neurológicas, cardiovasculares,
infecciosas e até tumores. As oscilações hormonais também têm sua parcela de
culpa - o que ajuda a explicar por que o problema é duas vezes mais comum nas
mulheres e por que costuma aparecer na gravidez e no pós-parto, períodos de
turbulência hormonal.
Diagnóstico Ninguém está livre de sentir uma tristeza
profunda diante de alguma perda, de passar por um momento de baixo-astral ou de
desânimo passageiro.
A depressão é uma doença que entra em cena quando o
sofrimento vem do nada ou é completamente desproporcional ao motivo que o
disparou, se arrastando por meses e até anos.
Essa triste realidade abala cerca de 340 milhões de pessoas
no mundo - algo entre 2% e 5% da população.
O cenário é tão grave que a Organização Mundial da Saúde
calcula que em vinte anos a depressão ocupará o segundo lugar no ranking dos
males que mais matam. Não à toa: além de comprometer o jeito como a pessoa vê o
mundo, a doença afeta a própria saúde física, abrindo caminho para vários
outros problemas.
Sem falar no risco de suicídio, que atinge entre 15% e 20%
dos deprimidos.
Ninguém consegue sair desse poço sem ajuda, na base da boa
vontade. A boa notícia é que, com tratamento médico, 70% desses pacientes se
curam. O diagnóstico é essencialmente clínico. O médico suspeita de depressão
quando o paciente apresenta quatro ou cinco sintomas clássicos que persistem
por semanas.
E não espere aquele quadro típico de alguém prostrado na
cama. Alguns já ficam atentos para quem simplesmente não sente prazer nas
coisas ou não vibra com a vida. Não há nenhum exame que aponte a depressão, mas
o especialista pode pedir testes para afastar doenças como o hipotiroidismo
que, sabidamente, pode levar há quadros depressivos. Infelizmente, muitos
pacientes ainda custam a reconhecer que precisam de ajuda e muitos médicos
ainda acham que a depressão é uma mera conseqüência de algum outro problema da
pessoa.
Complicações Estudos mostram que os deprimidos têm mais
chance de desenvolver outras doenças, como males cardíacos e derrame. Tanto que
há quem diga que ela deve ser colocada ao lado da hipertensão e do colesterol
alto no que diz respeito à saúde do coração.
Tumores e infecções pela queda de imunidade também acabam
encontrando um terreno fértil nesses pacientes.
Fatores de risco Levando em conta a predisposição genética,
os estudos apontam quem é mais vulnerável à depressão:
• Quem tem história familiar
• Pessoas da raça branca
• Quem passou por acontecimentos - como perdas, lutos e
estresse - que podem desencadear ou agravar o quadro.
• Quem tem personalidade tímida, introspectiva e insegura.
• Gente que teve muitas experiências de fracasso na vida
• Mulheres• Gravidez e parto
• Pessoas que têm pouco convívio social e relações mais
desestruturadas.
Sintomas
• Tristeza profunda
• Falta de prazer
• Perda ou ganho de peso
• Alterações no sono
• Cansaço
• Sentimentos de ruína ou fracasso que levam a pensamentos de
culpa ou morte
• Alterações nas relações sociais
• Perda de interesse pelas coisas
• Retardo motor, dificuldades de atenção e de memória
• Pessimismo exacerbado
Tratamento
Quem sofre de depressão não consegue levantar a cabeça sem
ajuda profissional.
De nada adianta insistir que a vítima saia, viaje ou conheça
novas pessoas.
Mas com um bom acompanhamento a grande maioria delas consegue
superar o drama.
As drogas tentam reequilibrar as substâncias em desequilíbrio
no cérebro.
As de última geração agem em três neurotransmissores - a
serotonina, a noradrenalina e a dopamina.
Até pouco tempo atrás a melhor opção eram os inibidores
seletivos da recaptação da serotonina.
Mas nenhuma delas está livre de efeitos colaterais e a
escolha vai depender de cada paciente.
Uma vez iniciado o tratamento, a pessoa (e sua família) deve
vencer outro desafio: dar tempo ao tempo, já que os remédios podem levar
semanas até surtir efeito.
Ao lado dos medicamentos, a psicoterapia é fundamental. Os
casos mais brandos podem ser aliviados também com mudanças no estilo de vida,
incluindo exercícios leves, relaxamento, meditação e acupuntura.
Mas atenção: esses recursos são coadjuvantes e não dispensam
os remédios sem o aval do médico.
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